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Com técnica de Hollywood, "Novo Mundo" aposta em ação e sotaques variados

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

22/03/2017 04h00

Um príncipe e uma princesa se casam logo no início de "Novo Mundo", mas não se engane: a novela das 18h, que estreia nesta quarta-feira (22), passa longe de um conto de fadas e aposta mesmo é na aventura. Além das referências históricas ao período que antecede a independência do Brasil, a trama de Alessandro Marson e Thereza Falcão não economiza em cenas de ação, com direito a ataques piratas e outras peripécias.

Esse será o tom especialmente dos seis primeiros capítulos, que tratam da travessia da arquiduquesa austríaca Leopoldina (Letícia Colin) até o Brasil, onde seu futuro marido, Dom Pedro (Caio Castro) a aguarda para a cerimônia. Nesta mesma viagem, os mocinhos Anna (Isabelle Drummond) e Joaquim (Chay Suede) se apaixonam e vivem suas primeiras desventuras.

Para convencer o público - e se dar por satisfeito com o resultado -, o diretor artístico Vinícius Coimbra fez um longo processo: encomendou storyboard de todas as sequências mais trabalhosas e convocou o diretor de cenas inglês Andy Armstrong, com anos de experiência em Hollywood, que ensinou o pulo do gato: muito ensaio, que permite escolher a lente correta para cada momento e evitar que um plano essencial falte na hora da edição. 

O diretor britânico Andy Armstrong ensaia cenas de ação com Isabelle Drummond em "Novo Mundo" - Maurício Fidalgo/TV Globo - Maurício Fidalgo/TV Globo
O diretor britânico Andy Armstrong ensaia cenas de ação com Isabelle Drummond
Imagem: Maurício Fidalgo/TV Globo

"A gente aprendeu, literalmente, como se faz. O segredo é gravar tudo antes, no ensaio, com as câmeras gravando tudo, dublês com roupas de cores diferentes, para identificar quem é o vilão e quem é o mocinho. Você grava, edita, coloca efeitos sonoros. Vê o que não ficou bom e corrige. Ele chegou em outubro e ficou uma semana vendo o que a gente tinha feito e ensinando esse método. A falta de ensaio era o maior erro. Fiz muitas cenas de ação que as pessoas achavam boas e eu achava uma porcaria. Hoje eu entendi. A experiência tem que ser feita antes, na hora para valer, é só o que funciona", conta.

Tanto cuidado, no entanto, exige um tempo que muitas vezes a TV não permite. "Aí eu estou contando com os meus queridos autores para não criarem uma invasão pirata com a novela no ar", brinca Vinícius, que ressalta a dificuldade em realizar uma novela de época.

Para reproduzir com o máximo de fidelidade possível dentro de uma história de ficção o século 19, a equipe conta com a tecnologia mais avançada no século 21. É graças à computação gráfica que a nau de 25 metros construída nos Estúdios Globo, no Rio, é colocada no mar. 

"A pós-produção foi fundamental. Hoje em dia contamos com tecnologia estrangeira para ajudar, mas muitos 'takes' foram feitos exclusivamente aqui. As cenas que envolvem o navio no mar, a iluminação, as texturas das caravelas, das velas. É uma grande evolução da nossa pós-produção no que se refere a fazer o mar. Tudo ali é virtual", explica o diretor.

Chay Suede, que interpreta Joaquim em "Novo Mundo", ensaia cenas no navio sob a direção de Vinícius Coimbra, diretor artístico da novela, e do diretor Guto Botelho - Raquel Cunha/TV Globo - Raquel Cunha/TV Globo
Chay Suede, que interpreta Joaquim em "Novo Mundo", ensaia cenas no navio sob a direção de Vinícius Coimbra, diretor artístico da novela, e do diretor Guto Botelho
Imagem: Raquel Cunha/TV Globo

Sotaques

Para criar tantas figuras históricas e de nacionalidades diferentes, o elenco da novela precisou ser bastante aplicado. Segundo o diretor, 80% dos atores tiveram aulas de prosódia e também se dedicaram em seu tempo livre para não fazerem feio nos sotaques. Estimulado pela colega Letícia Colin, que fez aulas de alemão e recorreu a vídeos no YouTube para convencer na pele de uma austríaca, Caio Castro viajou para Portugal. Rômulo Estrela, que vive Chalaça, fiel escudeiro do príncipe, também fez as malas.

"A parte mais difícil foi achar o sotaque português. Foi um desafio e, de cara, comprei a ideia do Vinícius. Fui a Lisboa, fiquei uma semana lá para entender essa atmosfera", conta Rômulo.

E não basta aprender o idioma: numa cena acompanhada pelo UOL, Débora Olivieri, que morou anos na Argentina e vive a espanhola Carlota Joaquina, precisou amenizar seu sotaque, a pedido da direção, para deixar a cena mais clara para o público.

"Tento pegar a palavra mais perto do espanhol para que fique legível, porque não adianta fazer e a pessoa não entender. É difícil e eu não gosto, confesso, fico relutando. Tem uma hora que ela fala 'Yo soy la reina', dá para entender que é rainha. Também não podemos subestimar muito a inteligência do público. Mas eu tenho que seguir a direção. Teve uma cena que eu dizia 'Hay bandidos en el mar' e parecia que o Neymar era bandido! Tive que mudar e fiquei frustrada (risos). É uma luta, um exercício. Mas na hora que eu for assistir à cena vou ficar muito 'p da vida'", disse, entre risos.