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Advogado sugere culpa do piloto na queda de avião com Huck e família

Do UOL, em São Paulo

21/04/2017 22h15

O advogado da empresa MS Táxi Aéreo, dona do avião que transportava Luciano Huck e Angélica quando ocorreu o acidente em maio de 2015, contestou o relatório feito por peritos da Aeronáutica em entrevista concedida à TV Morena, afiliada da TV Globo, no Mato Grosso do Sul.

José Trad rebateu o documento dizendo que os problemas mecânicos poderiam ter sido constatados, caso o piloto Osmar Frattini tivesse feito a checagem visual antes de iniciar o voo. "Os problemas mecânicos poderiam ter sido constatados pelo piloto antes dele embarcar", afirmou.

Os peritos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) concluíram que uma pane seca provocou o pouso forçado e que  o motor esquerdo da aeronave parou de funcionar com 35 minutos de voo.

O documento concluiu que o tanque da asa esquerda tinha no máximo 160 litros de combustível e não 350 litros, conforme indicado no "liquidômetro", um equipamento que marca a quantidade do combustível. Os sensores foram instalados em posições trocadas e, assim, enviavam informações erradas ao painel de controle.

O advogado da empresa não concorda com o relatório. "A inversão desses equipamentos não foi a causa do acidente. Repito: o piloto poderia ter evitado o problema da falta de combustível se ele tivesse feito a checagem visual nos tanques de combustível. Ele não fez isso."

O laudo da Aeronáutica diz ainda que a tripulação poderia ter resolvido o problema --trazendo combustível do outro tanque, por exemplo--, mas que o piloto não seguiu os procedimentos de emergência para pane de motor e que ele não tinha treinamento para pilotar aquele avião.

No relatório, os técnicos apontaram também uma outra falha grave: a empresa MS Táxi Aéreo, responsável por transportar os apresentadores da Globo, orientava os pilotos a não informar nem anotar no diário de bordo os problemas que aconteciam com os aviões, para não serem obrigados a parar as aeronaves em oficinas de manutenção. E quando o piloto se negava a voar justificando a falta de segurança, ele era trocado por outro piloto de empresa terceirizada.

Novamente, o representante da MS Táxi Aéreo discorda do documento. "A segurança tanto dos pilotos quanto da tripulação é de interesse da empresa. Jamais adotaria uma prática semelhante", garantiu o advogado.

O avião, modelo Embraer 820C decolou de Estância Caiman, na cidade de Miranda, e seguia para Campo Grande (MS), em um trajeto de 230 quilômetros, quando sofreu uma falha. O piloto informou os controladores por volta das 11 horas. O avião fez um pouso de emergência em um pasto a 30 km de distância da capital do Mato Grosso do Sul.

A família foi socorrida e encaminhada para o hospital Santa Casa de Campo Grande, onde recebeu atendimento no setor de ortopedia. Após passarem pelos exames, os apresentadores foram transferidos para o hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Piloto foi suspenso

Em entrevista à TV Record, em março do ano passado, o piloto Osmar Frattini explicou que, mesmo estando apto para voar, foi suspenso pela empresa MS Táxi Aéreo até que as investigações sobre o acidente fossem concluídas. Ele revelou ainda que teve o salário reduzido em quase 80%, e que passava por dificuldades financeiras, à base de empréstimos.

O piloto, que tem 30 anos de experiência, disse na ocasião que se sente "como um pássaro sem asa, preso ao chão, habilitado, mas sem poder voar".