Topo

Por diversidade, Malhação se muda para SP e ganha maior cidade cenográfica

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

23/05/2017 16h46Atualizada em 24/05/2017 14h07

Lançada no início do mês, “Malhação: Viva a Diferença” trouxe um cenário bem diferente dos que os fãs da novela já estavam acostumados: São Paulo, que pela primeira vez em 25 temporadas se transformou em sede da trama. No lugar das praias e montanhas cariocas, entraram ruas da Vila Mariana, na Zona Sul paulistana, e cartões postais da cidade, como a avenida Paulista e o Parque Ibirapuera.

A opção por mudar de cidade veio com o tema central da temporada escrita por Cao Hamburguer: a diversidade. “A ideia não é trocar uma malhação carioca por uma malhação paulista. A ideia é conversar com outros grupos, outras tribos que a gente não conversava. A gente está percebendo isso como uma oportunidade”, diz o diretor Paulo Silvestrini.

Entre as cinco protagonistas da nova temporada, todas têm uma relação próxima com a cidade – e acreditam que ela traz um bom pano de fundo para a história das meninas bem diferentes entre si que dão início a uma amizade improvável.

“Eu acho que é muito bom estar falando de São Paulo, mudar, trazer para cá, porque é uma cidade que tem muita diversidade. É um lugar que tem muito isso: ‘Não é todo mundo daqui, mas é todo mundo daqui’”, avalia Daphne Bozaski, a Benê, que nasceu em São Paulo, foi criada em Curitiba e voltou a morar na cidade há seis anos.

Ana Hikari, a Tina, concorda com a colega: “Sou de São Paulo, morei quase a vida toda aqui e não foi por acaso a escolha da cidade pra falar sobre o tema de diferença. É uma cidade que abriga gente de todas as regiões e tem essa coexistência”.

Jovem paulistano?

Apesar da nova sede, Cao Hamburguer não quis fazer uma “Malhação” focada exclusivamente nos jovens paulistanos, mas sim uma que dialogasse com outros adolescentes pelo Brasil. “Não é o objetivo mostrar o jovem paulistano, diferenciar o paulistano do jovem de outra cidade. Falando do jovem de São Paulo, a gente vai falar do jovem de qualquer lugar do mundo”, explica o autor, completando: “Acho que está bem representado, porém não é uma coisa caricata, ou específica”.

"Malhação: Viva a Diferença" teve sequência gravada no metrô de São Paulo - Ramon Vasconcelos/Rede Globo/Divulgação - Ramon Vasconcelos/Rede Globo/Divulgação
"Malhação: Viva a Diferença" teve sequência gravada no metrô de São Paulo
Imagem: Ramon Vasconcelos/Rede Globo/Divulgação

Dessa forma, os toques de São Paulo, adianta Cao, devem permanecer mais na ambientação e nos sotaques – que ganharam cuidados especiais. “Fui visitar o set e a Lais Correa [preparadora de elenco] me falou: ‘Olha como os figurantes estão andando rápido, como paulistanos, Quando cheguei, eles andavam como cariocas’. Tem umas sutilezas com as quais a gente está tomando cuidado, porque o paulistano é realmente pilhado”.

“Está em um ponto legal, um equilíbrio de ser são Paulo, mas não ser muito marcado”, finaliza o cineasta, que está em sua primeira novela.

Cidade cenográfica

Criar a ambientação de uma novela que dura quase um ano e se passa em outra cidade é um desafio. Por isso, foi construída nos Estúdios Globo, no Rio, a maior cidade cenográfica já feita para “Malhação”: são 6.620 m² que trazem, além das casas das personagens e dos colégios onde a trama se passa, reproduções de ruas da Vila Mariana, incluindo a saída do metrô e até a ciclovia do bairro.

“São Paulo tem uma escala muito grande, então desde o início a gente tentou reconstruir uma cidade que representasse, de certa maneira, essa escala”, conta Silvestrini. Até um estúdio de arte foi contratado para trazer mais elementos da cidade. “Tivemos a curadoria de um estúdio do Beco do Batman [na Vila Madalena], que elegeu três grafiteiros, e nós os levamos pro Rio pra grafitarem a nossa cidade pra que a gente encontrasse lá essa identidade visual.”

Isso não significa, porém, que a produção descarte novas viagens à capital paulista, onde o elenco gravou durante dez dias. “Nós temos viagens programadas durante o programa, para que a gente possa estar sempre colocando um pouco da imagem da cidade. Existe todo um esforço no sentindo de manter viva a presença da cidade, que é parte integrante da nossa história”, diz.