"Sou múltipla e quero mostrar versatilidade", diz Schmütz após polêmica
Não importa se o tempo é curto ou se o corpo dói: o "Show dos Famosos" tem que continuar. Depois de dois meses de muita dedicação, Ícaro Silva, Luiza Possi, Nelson Freitas e Samantha Schmütz disputam a preferência do público e um carro 0km na grande final da disputa, que vai "reunir" no palco do "Domingão" neste domingo (2) personalidades como Zé Ramalho, The Weeknd, Sidney Magal, Shakira, Cher, Roberto Carlos e até os saudosos James Brown e Michael Jackson, os homenageados do dia.
Emanuelle Araújo, Enzo Romani, Eriberto Leão e Fafá de Belém também voltam a se apresentar no quadro, que mobilizou uma equipe de mais de 250 pessoas e 800 figurinos em seus 48 personagens. Só de ensaios foram 2.000 horas - na caracterização, foram outras 750.
Ícaro Silva, que diz ter escolhido um número "bem intenso" para encerrar sua elogiada participação na competição, diz que dorme e acorda ouvindo a música. "Não tem como ser meia boca", sentencia ele, no intervalo entre um treino e outro, no dia em que o UOL visitou o centro de treinamento dos participantes, nos Estúdios Globo, no Rio.
Na última semana, ele afirma, o sentimento é de ainda mais urgência, já que o intervalo entre a última apresentação e o número derradeiro encurtou para uma semana. Acabou o prazo extra para descanso ou pesquisa: são apenas três dias de criação e ajustes antes do ensaio técnico, na véspera, e a hora H, ao vivo.
"Quis criar seis apresentações que arrebatem as pessoas. Ganhando ou não, com a final eu quero que as pessoas caiam no chão em casa", torce o ator, também no ar como o Dilson de "Pega Pega".
"Meu grande objetivo aqui é poder levar o que eu escolhi para fazer na minha vida nos últimos anos para todas as pessoas possíveis, e a televisão é a melhor maneira de atingir a massa. Quero dar voz a quem precisa ser ouvido, e para isso é preciso ter voz. Samantha fez um discurso brilhantemente falando da situação do Theatro Municipal, por exemplo. Precisamos dessa abertura dar espaço a essas causas. Fazer arte pressupõe engajamento", diz ele, que, assim como o público, também se emocionou ao encarnar Bob Marley no quadro.
O preparador vocal Felipe Habib explica que cada "aluno" ensaiava canto uma hora por dia - muito menos do que a construção de um personagem num espetáculo musical exigiria.
"Fafá, que é a nossa diva e tem uma carreira incrível, no primeiro dia me disse: 'É você que vai me ensinar a cantar?'", lembra, aos risos. "Existem vários métodos, mas em três dias é mais fácil tirar alguma coisa do que acrescentar. Quando ela fez o Gonzagão, tiramos o sotaque, a voz mais aguda. Vamos descobrindo caminhos", conta.
Sua assistente, Aurora Dias, diz que a forma de trabalhar muda de acordo com o artista. Para Nelson Freitas atingir o timbre de Tina Turner, por exemplo, ela sugeriu a criação de uma personagem, a tia Cocó. "Com uns precisamos ser mais técnicos, outros a gente puxa pela interpretação, com outro a abordagem é mais física ou intuitiva. Temos que diagnosticar rapidamente", explica.
Depois de um dia intenso de ensaios e retoques, Luiza Possi diz que chega em casa acabada. "Desde a Lady Gaga meu quadril não é o mesmo. Eu tenho uma massagista aqui no Rio que vai sempre no hotel. Ela disse que nunca me viu tão ruim quanto na semana da Madonna, que veio logo depois. O meu nariz vai cair! A cartilagem está mais mole", brinca.
A cantora garante que não fica nervosa na hora da apresentação - a exceção foi o dia que homenageou a mãe, Zizi.
"Tem tanta coisa para pensar na hora... roupa, nariz, maxilar, bota, coreografia, onde botar a voz, a mão, o gesto. Não dá tempo. Existe um foco na preocupação. Sempre foi a melhor vez que eu fiz. Tem uma coisa do treino é treino, jogo é jogo. Tem aquela coisa de ir lá e ganhar, não importa se é com gol de barriga. Essa sensação de garra eu tenho muito", afirma ela, que tem sido elogiada por sua interpretação.
"Fiz faculdade de teatro, mas botei isso muito embaixo do tapete. Se eu fosse atriz, as pessoas não iam entender que eu era cantora. Fiz 'Divas - O Musical' ano passado e foi muito legal, chegou um monte de convites. Decidi parar de relutar e aceitar que a gente é múltiplo mesmo. Peço a Deus que eu consiga desenvolver todos os meus talentos em potencial. Esse é meu grande objetivo na vida", conta ela, que em breve estreia um show com músicas de Michael Jackson.
No início da competição, cada participante gerou um molde que serve de referência para a confecção de próteses de silicone ou látex para modificar um nariz aqui, aumentar uma bochecha acolá. Cada uma leva 12 horas para ficar pronta - e cada apresentação demanda pelo menos quatro versões de cada.
As cabeleiras vistas no domingo são um capítulo à parte: feitas de cabelos humanos, as perucas são lavadas, hidratadas, cortadas, enroladas e penteadas de acordo com a performance.
"Nosso maior sofrimento são as perucas. Até agora usamos 90 metros de fita só para colar as peças", diz a caracterizadora Fabíola Gomez, que faz a conceituação dos looks com Tatiana Cerqueira.
A equipe - incialmente com 10 pessoas e reforçada na reta final - leva pelo menos quatro horas para "montar" os participantes no dia em que o quadro vai ao ar; durante a semana são feitos três testes de caracterização. É nessa hora que o hiperativo Nelson Freitas coloca o sono em dia. "Você não pode fazer muito a não ser esperar. Sento na cadeira de maquiagem, durmo, acordo, entro em alfa. Digo que estou em modo avião", brinca.
Escalado para "Tempo de Amar", próxima novela das 18h, o ator diz que o convite para o quadro em que sua vontade de se dedicar à música, uma antiga paixão, estava cada vez mais forte. E o público tem respondido à altura.
"Comecei em 87 como ator profissional, e sempre fui muito querido, porque faço comédia, e a minha natureza pessoal é assim, não tenho frescuras. Mas está impressionante! Outro dia parei num posto de gasolina e entrei para comprar umas coisas na lojinha. Virou uma comoção! Saí sob aplausos e gritos de 'Vai, Nelsão'. Abri um berreiro depois, de alegria. É surpreendente", diz ele, que vai fazer turnê com orquestra em 2018 e está escalado para viver Odorico Paraguaçu no musical "O Bem Amado".
Embora o discurso geral seja de todos formam uma grande família, o coreógrafo Sylvio Lemgruber entrega que há um certo clima de competição nos bastidores sim. "O público não fala do quadro como competição, mas entre eles existe, é fato, não tem como. Eu tenho que administrar quando um me diz: 'Aquela coreografia está mais bonita que a minha", diz.
"Nem sempre o que agrada a eles é o que me agrada. A gente vai negociando. Isso cansa muito mais do que criar. Por mais que neguem, querem estar em primeiro, nunca estão satisfeitos. Às vezes querem mudar coisas na sexta-feira, a insegurança vem. Mas eu digo: 'Não vai dar certo'", conta.
Se Sylvio precisa conscientizar os participantes de que nem toda performance é um videoclipe, a preparadora de gestual Cris Moura também reforça que seu trabalho reside nas sutilezas.
"Não adianta coreografar o gesto Às vezes é uma maneira de pegar o microfone. O importante é criar o código, o público faz o resto", explica. "Se a pessoa é muito fã, pode não conseguir se deslocar. O Enzo com o Chorão, por exemplo, tinha uma imagem dele. Mas o Chorão é outra parada. Aos poucos eles foram entendendo onde procurar", conta.
Polêmica com Falabella
Samantha Schmütz concilia os ensaios com as gravações do humorístico "Vai que Cola", do Multishow, mas diz que o tempo a menos não chega a ser um problema.
"Não é nem de longe o tempo que eu ensaiaria para fazer uma peça da vida da Elis ou da Amy, por exemplo Eu teria que ensaiar, no mínimo, 6 horas por dia durante um ano. Sou muito exigente comigo. Para compensar os dias em que não estou, eu intensifico mais as aulas às quartas e sextas. É mais cansativo, mas é o que tem que ser feito", diz.
O tributo à Pimentinha, aliás, foi o momento em que a humorista mais se emocionou no programa. Mas sua participação chamou atenção mesmo quando ela rebateu Miguel Falabella ao se afirmar também como cantora.
"A música sempre esteve presente na minha vida, talvez eu seja mais cantora do que atriz na minha alma. Como comediante, vem dando certo, as coisas foram rolando, mas a minha alma é de cantora. Meu pai me estimulava muito a cantar, tenho fitas cantando com ele com 2 anos... Cada vez mais, vou fazer coisas ligadas à música. Quero me desafiar", diz ela, em cartaz no Rio com o show "Samantha Canta" e no ar também na série "Carcereiros", disponível no Globoplay.
"Não é nada de comédia, tenho saído daquele lugar comum em que as pessoas estão acostumadas a me ver. Sou uma artista múltipla e quero mostrar minha versatilidade, e o quadro proporciona isso", diz.
Momentos marcantes para os finalistas
Dei muito trabalho para a maquiagem nesse dia. Mas se eu ficasse só na emoção não ia rolar. Minha mãe vai comigo todo domingo, e nesse ela não queria ir. Ela achava que eu ia fazer outra cantora. Liguei para ela, joguei meu aniversário no meio. Quando ela chegou, ficou trancada no camarim. Desligaram a televisão, tiraram o celular dela. A gente chorou, ela já tinha chorado um monte. O caminho que escolhi foi o de homenagear a minha família, meus avós que vieram da Itália, muita gente que sofreu para minha mãe trazer esse nome, Possi, a um grau de importância nacional.
O Cauby me emocionou tanto que me perdi, e o artista não pode nunca se deixar levar. Eu me prejudiquei porque em determinado momento olhei para os jurados e eles estavam espantados. Eu me perdi da letra, me perdi de tudo. Foi um estado de pânico, uma carga de adrenalina. E agora, como eu vou fazer? Trinta anos de carreira, não vou pagar esse mico. Peço para parar a música, brinco como se fosse ele? Mas é uma competição, pode não ser justo com os meus colegas. Peguei a música 'pelo rabo'. Fui muito no ídolo e pouco na pessoa. Não rezei para ele. Emanuelle me disse: 'Toda vez que for fazer alguém que já foi pede licença'.
O mais trabalhoso foi o Ricky Martin, porque ele é muito distante de mim, não tenho característica nenhuma próxima dele. Ele é totalmente oposto, então, foi difícil para mim, para a caracterização, para todo mundo. Se tiver de falar de um arrependimento, seria essa escolha, porque poderia ter escolhido o Prince. Mas é que tinha toda uma história envolvendo o Ricky Martin, porque a primeira vez que fui na plateia do ?Domingão? tinha 13 anos e ele estava lá, além disso, eu era superfã dos Menudos.
Ney não falava vou botar meu pé aqui, jogar minha cabeça para a direita. Por mais que a Beyoncé faça 170 movimentos coreografados, são sempre os mesmos. Ney é muito livre, anárquico. Mesmo que eu decupasse os movimentos dele e criasse uma partitura, que foi o que eu fiz, ainda existe uma liberdade que esse personagem emana naturalmente. Como você constrói a desconstrução do outro? Eu quis muito desistir, várias vezes. E ele canta num lugar que não estou acostumado, a voz dele é muito aguda, ele é contratenor, eu sou tenor. Na hora que acabou a apresentação é que eu relaxei.
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