Bibi Perigosa real elogia Juliana Paes e aponta falhas em cenas de novela
Inspiração de Gloria Perez para a personagem de Juliana Paes em "A Força do Querer", Fabiana Escobar se reconhece nas loucuras que Bibi faz por amor para tentar ajudar Rubinho (Emílio Dantas) a escapar da prisão.
"Assisto e me vejo. As pessoas que me conhecem ligam e falam que não conseguem nem enxergar a Juliana [Paes] ali pelo jeito, pela forma que ela reage. A intensidade dela parece muito comigo", conta a verdadeira Bibi Perigosa.
Ela ficou casada durante 14 anos com Saulo de Sá Silva, o traficante Saulo da Rocinha, conhecido como Barão do Pó, que está preso desde 2008 em Bangu, zona oeste do Rio. Eles se separaram em 2010.
Acostumada a visitar o ex na cadeia, ela aponta inverossimilhanças nas cenas em que Bibi vai ao presídio. Na semana passada, por exemplo, Bibi foi visitar Rubinho usando uma blusa vermelha de ombro caído.
"Tem umas regras, coisas que não passariam de jeito nenhum. Vermelho, verde, preto são cores proibidas. Vermelho por causa de facção criminosa, verde por causa de facção e do uniforme. Preto é a cor da roupa dos agentes, branco porque é transparente. Sem sutiã não entra, nem de short, bolsa também não. Só entra de chinelo. Ela não entraria com a roupa que estava, não ia passar nem na portaria da frente", observa.
Fabiana assume que já fez muitas loucuras pelo ex-marido. Entrou com uma barriga falsa cheia de dinheiro para subornar um agente penitenciário e, assim como a cena de "A Força do Querer" da terça-feira (4), ela também ajudou e esperou por ele na fuga da prisão.
"Pior que eu fiz! E a cena foi bem parecida com o que aconteceu. O carro, a chegada no morro, a comemoração, tiros para o alto", lembra.
"Levava chapa de misto quente, fogão de uma boca, lanches, caixas para guardar as coisas, panelão de comida para todo mundo, várias coisas que facilitam o dia a dia. Eles gostavam muito de comida, televisão. Era até melhor do que na novela, mais luxuoso, tinha até ar condicionado."
Dois netos aos 36 anos
Segundo ela, a personalidade de Rubinho e o jeito, até então, calmo e equilibrado é bastante parecido com o de Saulo. "Ele parece muito. Esse jeito meio pacato, essa coisa de sempre querer agradar. Ele era bem família mesmo, estava sempre junto, depois que ele desandou de vez mesmo. Ele não era explosivo", conta.
Aos 36 anos, mãe de um casal de filhos, de 20 e 18 anos, Fabiana já tem dois netos, de um e de três anos. Desde que se separou, ela assumiu as despesas da família sozinha.
"Ele não quis mais ajudar, falou que não ia dar nada e ficou por isso mesmo. Não quis recorrer à Justiça porque ele ia falar que estava preso e não tinha dinheiro, o que é mentira, e eu ia querer dar na cara dele. Então larguei para lá, nem quis recorrer ao tráfico porque não queria esse vínculo. Assumi a parte dele, honrei as calças que visto e fiz papel de pai", diz.
Os filhos ainda visitam o pai na cadeia e dizem à mãe que ele não quer saber de ver parte da sua história na novela. "Ele faz a egípcia, diz que a novela não é do interesse dele. Não tenho contato desde que me separei, a gente se evita, senão sai faísca."
Autora do livro "Perigosa", em que narra sua história na época em que era chamada de "Baronesa do Pó", Fabiana escreveu mais dois: "Linha Cruzada" e o infantil "Um Gatinho Chamado Flocos". Atualmente, ela se divide entre a casa da mãe, no Rio Comprido, zona norte do Rio, e a Rocinha, onde trabalha como roteirista no projeto Rocywood.
"A gente produz cinema, curta-metragem, e agora estamos na produção de um longa de terror, que começa a filmar daqui a um mês. A gente trabalha nesta visão de mostrar que é capaz de produzir, que têm muitos profissionais de talento, mesmo sem muito incentivo. Temos o apoio de comércio local, de empresários da área. Apoio grande é mais difícil e a gente faz o melhor que pode".
Sintonia
Da época em que o marido era o poderoso traficante da Rocinha, Fabiana guarda algumas memórias, como a dos encontros a sós no alto do morro.
"A gente comprou um quarto para se encontrar. Só que eu me vestia de prostituta, botava peruca e ficava na rua esperando ele passar de moto e me buscar. Meu nome era outro. As pessoas sempre me avisavam que viram ele com outra mulher na garupa e era eu [risos]", lembra.
O fetiche agradava aos dois e era uma oportunidade de eles namorarem sem a segurança dos traficantes.
"A gente era bem sintonizado. A gente vivia com a casa cheia, segurança na porta, toda hora alguém querendo falar alguma coisa. Ali [no quarto] era a nossa hora", lembra.
Fabiana acredita que precisava passar por todas essas aventuras e sufocos para aprender uma lição de vida.
"Não acho que valeu a pena, arrependimento tenho mais pelas crianças, mas talvez eu não seria a pessoa que sou hoje porque aprendi muito e me transformei. Hoje sou uma pessoa normal, que gosta e sabe escrever, que gosta de trabalhar com cinema e teatro. Acho que eu precisava passar por isso. Meu teste foi passar e saber voltar. Essa foi minha missão."
Fuga
A escritora se lembra do momento em que não via mais graça em torrar dinheiro porque sabia que sempre estaria fugindo da polícia.
"Tinha tudo o que queria. Mas foi tanta perseguição da polícia e da mídia que eu não sentia mais prazer em comprar. Sabia que a qualquer momento eu teria que mais uma vez abandonar tudo para fugir. Não tinha mais apego a nada. Só agarrava meus filhos, minhas fotos, meus bichos e fugia", conta.
Saulo foi preso em 2008 em Maragogi, Alagoas, na casa em que morava com Fabiana e os filhos. A prisão aconteceu logo após o café da manhã, enquanto ele se preparava para ir à praia. O traficante foi condenado a 18 anos por tráfico de drogas e associação com o tráfico. Antes disso, ele havia fugido da prisão, com outros 13 detentos, em dezembro de 2005.
Fabiana nunca foi presa por associação ao tráfico. Ela respondeu processo por associação e apologia a criminoso quando chegou de Maceió.
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