Morre atriz Rogéria aos 74 anos no Rio de Janeiro
Do UOL, em São Paulo
04/09/2017 22h32
A atriz Rogéria, de 74 anos, morreu na noite desta segunda-feira (4), após ser internada no hospital Unimed, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Segundo o hospital, a artista estava internada na unidade desde 8 de agosto devido a um quadro de infecção urinária e foi vítima de choque séptico.
A morte de Rogéria foi inicialmente confirmada ao UOL pelo empresário dela, Alexandro Haddad, por telefone. Abalado, ele não quis dar mais informações e afirmou que está cuidando de detalhes burocráticos no hospital.
Rogéria já havia sido internada em julho em uma clínica particular em Laranjeiras, zona sul do Rio, depois de sentir fortes dores nas costas. A atriz realizou uma bateria de exames, que apontaram para uma infecção urinária. Ela foi deslocada para a UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e recebeu alta duas semanas depois.
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"Estou muito surpreso, é só vitória. Agradeço aos fãs e à imprensa, porque a corrente de orações foi grande. Sabia que ela era respeitada e querida, mas não tinha noção de que o Brasil inteiro estava orando por ela", comemorou o empresário dela, na ocasião, ao UOL.
O velório será nesta terça no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, a partir das 11h. Às 18h, o corpo segue para Cantagalo, na Região Serrana do Rio, onde será realizado no enterro, na quarta-feira.
"Travesti da família brasileira"
Nascida como Astolfo Barroso Pinto em 25 de maio de 1943, em Cantagalo, interior do Rio, Rogéria se autointitulava "travesti da família brasileira" e era uma das transformistas mais antigas em atividade no Brasil.
Rogéria passou a usar roupas e maquiagens femininas na adolescência, mas seu transformismo não foi repreendido pela mãe --ela cresceu longe do pai. A artista se considerava transgênero, mas nunca teve vontade de realizar a cirurgia de redesignação sexual.
"Minha mãe não tinha vergonha de mim. Pelo contrário, ela trabalhava no laboratório químico farmacêutico do Exército. Eu entrava, fazia festa no colo do general, sentava numa boa, porque as pessoas gostavam de mim. Quando surgi como Rogéria, mamãe no vestiário botou todas as fotos", disse a atriz à GloboNews, em 2016.
Rogéria começou a carreira artística como maquiadora na extinta TV Rio, na década de 1960, trabalhando com artistas como Fernanda Montenegro, Bibi Ferreira e Elis Regina. Também foi cantora, se apresentou como transformista fora do Brasil e tornou-se vedete de Carlos Machado, produtor e diretor de espetáculos musicais e conhecido como "O Rei da Noite".
Na televisão, Rogéria participou como jurada em vários programas de auditório, de apresentadores como Chacrinha, Gilberto Barros e Luciano Huck.
Como atriz, Rogéria fez participações especiais em "Tieta" (sua primeira novela, em que apareceu no capítulo desta segunda no canal pago Viva), "Desejos de Mulher", "Paraíso Tropical", "Duas Caras", "Lado a Lado" e Babilônia", na sitcom "Sai de Baixo" e no humorístico "Tá no Ar".
No teatro, ganhou o Troféu Mambembe em 1979, pela peça "O Desembestado", em que atuou com Grande Otelo. Encenou, ao lado de outras travestis pioneiras no Brasil, o espetáculo "Divinas Divas", que virou documentário dirigido por Leandra Leal, em 2016.