Policial de "A Força do Querer" morrerá assassinado como irmão na vida real
A arte vai imitar a vida de uma maneira bastante trágica no capítulo de "A Força do Querer" desta sexta-feira (13). O policial Gerson, braço direito de Jeiza (Paolla Oliveira), será brutalmente assassinado durante um assalto. E o que mais impressiona o ator Well Aguiar, 36 anos, é a coincidência do destino de seu personagem com sua história de vida real.
"Tinha um irmão policial militar, que em 2003, aos 25 anos, faleceu da mesma forma. Numa blitz falsa na Baixada Fluminense, ele se identificou como polícia e levou um tiro, exatamente como acontecerá com meu personagem. E a Gloria [Perez] não sabia disso. É uma cena que vai emocionar o Brasil. Meu irmão não reagiu, foi brutalmente assassinado pelo fato de ser policial. É a mesma coisa que vai acontecer com o Gerson. Essa cena foi tão forte que eu me arrepiei em vários momentos e todos do elenco tiveram respeito à crueldade".
As cenas em que Gerson deixa a luta de Jeiza com a mulher, até ser abordado e morto, foram gravadas na madrugada de sábado (7), no Centro do Rio. Nesta quarta-feira (11), Paolla Oliveira gravou cenas do enterro do personagem em um cemitério em Sulacap, zona oeste do Rio. O papel de policial na novela das nove o fez lembrar do irmão com frequência e fez Well refletir sobre a sorte de ter conquistado o personagem, que faria apenas uma participação na novela e acabou virando o parceiro de cena de Jeiza nas operações policiais.
"O Alex era um cara de sorriso frouxo, de muitos amigos, adorado por todo mundo, engraçadíssimo. Ele era o lado cômico da família e foi morto desta forma cruel. Quatorze anos depois, tudo continua acontecendo e nada muda. Parece que a gente está regredindo", desabafa o ator, que já fez participações em "Sete Pecados", "Malhação" e "Sol Nascente" na Globo.
Well se refere à atual onda de violência no Rio, onde, só esse ano, já passam de 100 policiais assassinados, muitos deles durante tentativa de assalto, como acontece com Gerson em "A Força do Querer". "Fico impressionado com a facilidade que a Gloria tem de abordar temas tão contundentes, a ponto de enfrentar críticas severas de conservadores, mas ela aborda fielmente o que acontece. Essa questão de policiais morrendo a todo tempo. Todos os dias a gente ouve uma história e eu fui presenteado para ser o personagem que representa essa classe que é muito desprivilegiada pelo Estado. Passei a olhar o policial militar de outra forma, a partir do momento que comecei a viver esse universo", conta.
O ator conta que muitas cenas das operações policiais foram gravadas com PMs reais. "Aqueles policiais que vocês viram nas invasões do morro, no comboio, são todos policiais de verdade. Foi um barato conviver tantos meses com esses homens batalhadores, que acordam cedo como todo mundo e estão o tempo todo vulneráveis enfrentando essa violência. Achei incrível porque no dia que apareceu o confronto final, em que o morro do Beco foi pacificado, um dia depois, teve aquele tiroteio na Rocinha. A Gloria está pau a pau com a realidade".
Prova disso, segundo o ator, é que alguns dos profissionais que participaram das gravações foram convocados para a operação na Rocinha. "Muitos policiais do Bac (Batalhão de Ações com Cães), que trabalham conosco lá, tiveram que se deslocar para essa operação. Durante a gravação, eles ficaram se dividindo entre as operações", afirma.
Apesar de uma morte tão trágica, Well diz ter gostado do desfecho escolhido pela autora para seu personagem. "Adorei demais porque quando o ator é morto na trama, significa que ele está saindo da novela e a minha morte será representativa. Vai chamar a atenção para um ponto problemático tão importante. Comecei com uma participação e por conta desta química comigo e com a Paolla, a Gloria me elegeu como personagem deste tema. É um presentaço que não sei nem descrever o tamanho dele".
PM gato
A participação de Well Aguiar em "A Força do Querer" rendeu a ele o título de PM gato também. Com frequência, ele é abordado nas ruas e ouve elogios por sua beleza.
"Essa coisa de PM gato pegou. Construí meu personagem intelectual, de óculos, mas não tem jeito, essa fantasia que as pessoas nutrem por trás da farda é cultural".
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