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"Demissão de Moacyr não afeta a 'Praça', mas o SBT", diz Carlos Alberto

 Carlos Alberto de Nóbrega ao lado de Moacyr Franco durante gravação de "A Praça é Nossa" - Reprodução/SBT
Carlos Alberto de Nóbrega ao lado de Moacyr Franco durante gravação de "A Praça é Nossa" Imagem: Reprodução/SBT

Paulo Pacheco

Do UOL, em São Paulo

27/11/2017 21h16

Carlos Alberto de Nóbrega compareceu à Câmara dos Vereadores de São Paulo nesta segunda-feira (27) para receber uma homenagem pelos 30 anos de "A Praça É Nossa". Mas o clima não era para celebração depois da demissão de Moacyr Franco. com mais de 20 anos no SBT. Amigo há mais de seis décadas, o líder da "Praça" não escondeu sua insatisfação com a saída do humorista e temeu que ele não fosse entender os motivos da dispensa.

"É a vida. Amanhã sou eu. No dia em que a 'Praça' não der mais audiência e não entrar mais dinheiro, eles têm todo direito de parar comigo. Vão respeitar o meu contrato, porque não sou igual a eles, tenho contrato. Mas isso é uma coisa que eu nem sonho, porque eu quero morrer trabalhando", lamenta Carlos Alberto, antes de sentar-se no Plenário da Câmara. "Eu estava muito preocupado com o que ele pensasse. Minha preocupação não era com que os críticos pensassem, porque minha consciência está tranquila. Eu queria que o meu amigo de 61 anos me entendesse", completou o humorista, que revelou ter feito um pedido pessoal à direção da emissora.

"A educação e o respeito que a direção teve com ele em relação à minha amizade foi muito grande. Eu estava muito preocupado, e a única coisa que eu pedi foi que eu não iria dar a notícia para ele. [A demissão] foi necessária, dentro dos padrões de empresa, mas ele entendeu e eu estava muito preocupado que ele não fosse entender", contou.

Ao UOL, Moacyr Franco considerou o motivo de sua demissão "inexplicável" porque seu salário no SBT, R$ 40 mil, era "ridículo" em comparação ao de outros artistas da casa, o que não compensaria demiti-lo para conter gastos. Carlos Alberto, que já foi diretor artístico da emissora, compreendeu as razões dadas pela direção para dispensar o humorista com 12 anos de "Praça".

"[A demissão] não afeta o programa, e sim a emissora, porque se meu programa dá 1 milhão de lucro há três que dão 1 milhão de prejuízo. Mas não pode tirar os programas do ar. Tem que haver uma compensação. Silvio Santos pensa na emissora. O diretor artístico, na programação. E eu penso na 'Praça'. O meu problema é a 'Praça'", justificou.

Apesar da demissão, Carlos Alberto e Moacyr Franco mantém a amizade, e o líder da 'Praça' admite guardar eterna gratidão ao velho amigo.

"Eu sou muito grato ao Moacyr. Ele levou meu pai até a Tupi do Rio para ver se arrumavam um trabalho para ele. Falei para o Marcelo que, enquanto eu estiver na 'Praça', o Moacyr vai entrar quando ele quiser, vem na hora que quiser, se quiser gravar grava, porque sou eternamente grato. Quando meu pai teve um câncer, a primeira pessoa que chegou em casa para  levar comida macrobiótica foi ele. Essas coisas não há dinheiro que pague. Fora o talento que ele tem. Ele tem um talento fora do normal. Ele é um gênio. Só quando ele morrer, vão dizer: 'Morreu um gênio'. Porque ele canta muito bem, ele é um poeta, ele é engraçado, ele escreve humor bem, ele é criativo", elogia.