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Após comentário racista, William Waack tem contrato rescindido pela Globo

William Waack teve seu contrato com a Globo rescindido  - Divulgação
William Waack teve seu contrato com a Globo rescindido Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

22/12/2017 10h36

Após a divulgação de um vídeo no qual aparece fazendo um comentário racista, o jornalista William Waack teve o contrato rescindido pela Rede Globo de televisão. A informação foi divulgada em um comunicado oficial da Rede Globo. 

O comunicado é assinado pelo diretor de jornalismo da TV Globo, Ali Kamel, e pelo ex-âncora do "Jornal da Globo". No texto, Waack afirma que não teve a intenção de ser preconceituoso e que "repudia de forma absoluta o racismo, nunca compactuou com esse sentimento abjeto e sempre lutou por uma sociedade inclusiva e que respeite as diferenças". O jornalista ainda pede "desculpas a quem se sentiu ofendido, pois todos merecem o seu respeito".

Em outro comunicado enviado pela emissora, é informado que Renata Lo Prete, que já apresenta o "Jornal da Globo" desde o afastamento de Waack, será efetivada na bancada, enquanto Heraldo Pereira assumirá o "Jornal das Dez", na GloboNews. 

Leia abaixo o comunicado da Rede Globo na íntegra:

"Em relação ao vídeo que circulou na internet a partir do dia 8 de novembro de 2017, William Waack reitera que nem ali nem em nenhum outro momento de sua vida teve o objetivo de protagonizar ofensas raciais. Repudia de forma absoluta o racismo, nunca compactuou com esse sentimento abjeto e sempre lutou por uma sociedade inclusiva e que respeite as diferenças. Pede desculpas a quem se sentiu ofendido, pois todos merecem o seu respeito.

A TV GLOBO e o jornalista decidiram que o melhor caminho a seguir é o encerramento consensual do contrato de prestação de serviços que mantinham. A TV GLOBO reafirma seu repúdio ao racismo em todas as suas formas e manifestações. E reitera a excelência profissional de Waack e a imensa contribuição dele ao jornalismo da TV GLOBO e ao brasileiro. E a ele agradece os anos de colaboração".

Entenda o caso

Um vídeo com William Waack conversando nos bastidores, pouco antes de uma entrada ao vivo de Washington (EUA), na cobertura da vitória de Donald Trump na eleição presidencial, no ano passado, mostra o jornalista xingando um motorista que passa buzinando. "Está buzinando por quê, seu merd* do cacete?"

Depois, Waack diz claramente: "Deve ser um, com certeza, não vou nem falar de quem, eu sei quem é, sabe o que é?" O entrevistado, o jornalista e diretor do Wilson Center, Paulo Sotero, faz cara de dúvida.

A seguir, o âncora cochicha, mas não é possível identificar com clareza suas palavras. Internautas, que levaram o assunto aos "trending topics" do Twitter, afirmam que ele diz: "Preto, né? É coisa de preto com certeza".

No mesmo dia que o vídeo vazou, em 8 de novembro, Waack não apresentou o "Jornal da Globo". Renata Lo Prete, sua substituta oficial, assumiu a bancada do telejornal. Em comunicado, a Globo informou que afastou Waack de suas funções pelos comentários "ao que tudo indica, de cunho racista".

"Waack afirma não se lembrar do que disse, já que o áudio não tem clareza, mas pede sinceras desculpas àqueles que se sentiram ultrajados pela situação", diz a nota da emissora.

Autor do vídeo não divulgou antes por medo

Em entrevista ao colunista do UOL Maurício Stycer, Diego Rocha Pereira, que afirma ter gravado o vídeo que levou ao afastamento de William Waack, considera que não fez nada de errado e não teme nenhum tipo de reação ao seu gesto. “Não tô receoso. Quem cometeu o crime foi ele. Uma ofensa racial gratuita. Imagina se alguém te faz uma ofensa dessas no trabalho?”, pergunta.

Pereira trabalhou na Globo, em São Paulo, entre 2012 e 2017. Conta que deixou a empresa em janeiro, num corte de pessoal. A gravação foi feita em 8 de novembro de 2016. O jovem conta o porquê não divulgou o vídeo assim que o gravou. “Ia postar no YouTube, mas fiquei com medo de ser demitido e não postei. Depois perdi o vídeo e só o recuperei há alguns meses”, conta.

Pereira foi ajudado na divulgação do material pelo designer gráfico Robson Cordeiro Ramos.