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"Aprendi a ser mais humilde", diz William Waack após acusação de racismo

Do UOL, em São Paulo

05/03/2018 19h19

Após ter contrato rescindido com a TV Globo, em dezembro do ano passado, por causa de um vídeo vazado no qual aparece fazendo comentário de cunho racista, William Waack falou pela primeira vez sobre o episódio durante entrevista ao "Programa do Porchat", na Record, nesta segunda-feira (5). 

"Eu sou extremamente piadista, mas faço piada comigo mesmo. (...) Óbvio que me arrependo [de ter feito o comentário], sou um cara normal, que fala palavrão, não sou santinho. Mas [ser racista] não faz parte da minha índole", afirmou ele. 

No programa o jornalista conta ainda que, "apesar de ter sofrido muitos ataques na internet, e de várias esferas da sociedade, seguiu a rotina normalmente e que, pessoalmente, não passou por nenhum constrangimento."

Durante a conversa, William Waack garantiu que se tornou "uma pessoa mais humilde" após o ocorrido. "Eu aprendi a ter mais sensibilidade para alguns pontos e aprendi a ser mais humilde", afirmou. 

Para o seu futuro, Waack afirmou que tem trabalhado muito com o objetivo de colocar um programa na internet. "Estou trabalhando à beça. Estou indo pro mundo digital. O caminho que eu quero seguir é colocar no ar um programa que eu apresentava chamado 'Painel WW'. Vai ter plateia no estúdio", afirmou ele.

"Me colocaram rédeas"

Questionado sobre o silêncio que manteve o tempo todo após o vazamento do vídeo, William Waack contou que foi impedido pela Globo, por contrato, de comentar o caso.

"Porr*, eu tinha um contrato, como eu iria falar [sobre o vídeo]? Do ponto de vista jurídico, qualquer comentário que eu fizesse e comentasse decisões tomadas pela empresa com a qual eu estava ligado, poderia me deixar... Você acha que não me deu vontade de falar? Você acha que eu sou maluco? Na boa?! È óbvio [que eu queria falar]. Todo mundo me segurou. Puseram umas rédeas deste tamanho. Eu sou um cara que fala o que pensa na cara. Não sou de esconder o que eu penso", explicou o jornalista.

Relembre o caso

Um vídeo com William Waack conversando nos bastidores durante a cobertura da vitória de Donald Trump na eleição presidencial, em 2016, mostrou o jornalista xingando um motorista que passa buzinando.

"Está buzinando por quê, seu merd* do cacete? Deve ser um, com certeza, não vou nem falar de quem, eu sei quem é, sabe o que é?", disse ele, que cochicha supostamente a palavra "preto" no ouvido do entrevistado ao seu lado.

No mesmo dia que o vídeo vazou, em 8 de novembro, Waack foi afastado pela direção da TV Globo, que alegou em nota oficial. "Ao que tudo indica, [o comentário foi] de cunho racista".

Um mês depois, a Globo finalmente anunciou a rescisão do contrato com Waack, depois de um acordo entre as duas partes. No comunicado, a emissora ressaltou que não tolera "racismo em todas as suas formas e manifestações", embora o jornalista negue ter agido de forma preconceituosa.

Autor do vídeo não divulgou antes por medo

Em entrevista ao colunista do UOL Maurício Stycer, Diego Rocha Pereira, responsável por divulgar o vídeo que levou à demissão de William Waack, considerou que não fez nada de errado e que não temia nenhum tipo de reação ao seu gesto. Pereira teve a ajuda de um amigo.

Sobre a dupla, Waack disse. "Eu não [me encontrei com  eles], porque eu não acho que eles sejam os mais importantes neste contexto. O que me parece relevante (...) é a situação que constrange em boa medida. Estamos vivendo um momento no qual dobrar-se à 'gritaria', no qual colocar-se de reféns da intolerância, atrapalha muito mais ao debate do que facilita."