Presídio real, rebeliões: 8 curiosidades dos bastidores de "Carcereiros"
Um grupo de jornalistas é conduzido por um corredor estreito, cercado por duas grades, que simulam uma cela. Após a passagem de todos, a porta de trás é fechada, provocando um estrondo que faz alguns se assustarem. O grupo é então levado até uma sala com uma abertura no teto, por onde entra a única luz natural do ambiente.
O cenário foi escolhido pela Globo para a apresentação à imprensa de sua nova série, “Carcereiros”, que estreia nessa quinta (26). O local, uma antiga fábrica abandona na zona leste de São Paulo, foi totalmente transformado em um presídio cenográfico. O clima abafado e claustrofóbico se espalha pelas muitas celas, meticulosamente construídas, com materiais de limpeza espelhados pelo chão, paredes com frases rabiscadas, camas espremidas e panos rasgados e empoeirados.
Os agentes penitenciários que acompanham a visita não param de elogiar o trabalho da diretora de arte da série, Claudia Calabi. Um deles diz que ficou impressionado em como a profissional foi capaz de reproduzir tão fielmente a realidade do cárcere.
Mas todo esse apuro da produção só será vista na segunda temporada de "Carceireiros", que já começou a ser rodada. A primeira temporada, já disponível no Globoplay (plataforma de streaming da emissora), foi gravada no ano passado. A seguir, o UOL revela oito curiosidades dos bastidores da produção:
Carceireiros reais
Mas não é só no recriação dos cenários que a produção buscou se aproximar da realidade, muitos dos carceireiros que acompanharam a visita prestaram consultoria aos membros da equipe. A primeira temporada conta com depoimentos desses profissionais, que são alternados à ação fictícia. Um ex-detento, que também prestou auxílio à produção, foi um dos guias dos jornalistas.
Presídio como cenário
A primeira temporada foi gravada em um presídio real, o presídio feminino de Votorantim, no interior de São Paulo, que ainda estava em processo de construção. Foram feitas adaptações às estruturas para suprir as necessidades da série. Os atores, inclusive, gravaram ao lado de ex-presidiários reais, que atuaram como figurantes.
Episódios inéditos
Os primeiros 12 episódios de "Carceireiros" estão disponíveis no Globoplay desde junho de 2017. A série acabou tendo a estreia na TV aberta adiada por mais de um ano após a morte do primeiro protagonista, o ator Domingos Montagner, em setembro de 2016. A história escrita por Marçal Aquino, Fernando Bonassei e Dennison Ramalho, no entanto, exibirá três episódios inéditos.
Linguagem documental
Estrelada por Rodrigo Lombardi, chamado para substituir Montagner, a história conta os dramas de Adriano, um carcereiro correto, que acredita na reabilitação dos presos, e que precisa enfrentar um sistema injusto, corrupto e muito violento. Logo na estreia a série mostra uma grande rebelião.
Para Lombardi, o grande mérito da série é forma objetiva como é contada a história. "A gente foge do folhetim. A série está um pouco mais próxima do documentário do que do folhetim. O que está sendo dito é o que vale. Por isso a gente tem que deixar o psicologismo um pouco à parte", diz ele.
Documentário e longa ficcional
A análise do ator é coerente com a história do nascimento do seriado. O jornalista Pedro Bial desejava adaptar o livro “Carcereiros”, de Drauzio Varella, para a televisão. Drazio sugeriu então o cineasta Fernando Grostein para comandar a adaptação, e Grostein, por sua vez, sugeriu que fosse feita uma série e um documentário.
O documentário feito com carceireiros reais, que aparecem na produção, será lançado este ano, ainda sem data definida. Além disso, um filme ficcional baseado na série também está em produção.
Rebeliões influenciam roteiro
De acordo com um dos roteiristas da série, Fernando Bonassi, a realidade brasileira pauta a equipe de autores constantemente, em especial na produção da segunda temporada.
“Quando a gente estava escrevendo a primeira temporada, teve aquela terrível rebelião em Manaus. Seis meses depois teve no Pará, três depois teve no Maranhão. A realidade atualiza a gente o tempo todo. Sim, a gente leva em consideração o ambiente político, as prisões políticas, isso consta no seriado. No entanto, quem atualiza a gente é a realidade brasileira”, diz Bonassi.
Segundo Bonassi, um ex-agente penitenciário, que trabalhou no ofício durante sete anos, foi incorporado à equipe na segunda temporada.
De presidiário a carcereiro
O ator Aílton Graça, que vive o carcereiro Juscelino, viveu os dois lados da prisão nas histórias de Dráuzio Varella. Em 2003, ele deu vida ao presidiário Majestade no filme "Carandiru", também baseado na obra do médico.
“É difícil ser um agente. Existe uma grande ausência do Estado. Eles lidam com uma coisa que nenhum de nós aqui [fora] lida que é a vida e a morte, nas decisões que são tomadas ali dentro. Ele sabe quando alguém vai morrer. Como ele lida com essa morte? Como é que lida com a vida? Ele não sabe se ele vai sair vivo”, diz o ator.
"Mocinho" pela primeira vez
Já Tony Tornado, que vive o carcereiro Valdir, brinca que, pela primeira vez em sua carreira, não fará um bandido na história.
“Nesses meus 53 anos de profissão, me parece que é a única vez que eu não faço um bandido. Sou um mocinho. Conhecer esse universo do presidiário foi muito interessante para mim, como estudo de vida. Teve uma fala que achei definitiva: ‘Adriano, vamos para casa vivos’. Essa é a vida do carcereiro”.
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