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Ex-atrizes de pornochanchada reclamam por ficarem de fora de "Verão 90"

A ex-atriz de pornochanchada Nicole Puzzi - Reprodução/RedeTV!
A ex-atriz de pornochanchada Nicole Puzzi Imagem: Reprodução/RedeTV!

Jonathan Pereira

Colaboração para o UOL

25/04/2019 07h26

Luciana Gimenez reuniu atrizes que fizeram sucesso no cinema nacional entre os anos 70 e 80, época da popularização das pornochanchadas, no "Superpop" de ontem. Nicole Puzzi, Monique Lafond e Vanessa Alves sentaram no sofá da atração para defender o gênero. As atrizes também falaram sobre a novela "Verão 90", em que Claudia Raia vive Lidiane, ex-atriz de pornochanchada.

Na trama, ela recebeu amigas da época, porém, outras atrizes interpretaram esses papéis. "A Claudia Raia está maravilhosa e bastante fiel, mas quando a Elizabeth Savalla recebeu as chacretes [em 'Amor à Vida', quando interpretou Márcia, uma ex-chacrete], eram realmente elas. Não estou querendo fazer, mas é impressionante porque parece que ficamos invisíveis. Porque nos discriminar, nos colocar num lugar de invisibilidade?", questiona Nicole.

A apresentadora lembrou que, ao contrário da trama de Walcyr Carrasco em 2013, a atual das 19h se passa nos anos 90, quando elas teriam quase 20 anos a menos que atualmente - e que por isso outras atrizes podem ter sido chamadas. "Poderia haver uma licença poética", defenderam.

Nicole, que há alguns anos apresenta o "Pornolândia", no Canal Brasil, defende com unhas e dentes seu trabalho. "Nós fazíamos filmes. Esse termo pejorativo dois críticos que estão vivos e só falam de filmes internacionais criaram. Não era só sexo", afirma.

"A pornochanchada foi o maior movimento fílmico do mundo, mas o com o maior preconceito cultural. As pessoas falam mal dos filmes da Boca por pura ignorância. Nunca me arrependi de ter feito. Fiz filmes sérios. Aprendi sobre filósofos alemães, jazz, grandes filmes da década de 30, 40...", continua.

Monique concorda. "Nunca me senti fazendo pornochanchada, fazia filmes. As mulheres eram objetos de desejo, sim. As cenas que fazíamos de sexo nos anos 70 não eram um décimo das que entram na sua casa na novela das 9. Rotularam porque fizemos muito sucesso, deu um 'boom' louco. Tenho meu nome por causa do cinema nacional. Mas não fui aproveitada na telinha como poderia até hoje", lamenta.

Rita Cadillac, que participou de filmes do gênero como "Aluga-se Moças" (1982), tem opinião diferente. "Discordo totalmente. Eu trabalhei, nunca tive problema quanto a isso. Fiz filme para adultos depois de alguns anos, fui convidada para novelas depois. Não acho que tenha a ver ter feito pornochanchada ou adulto e não ter vez, vai de você mostrar o seu respeito".

Nicole rebateu. "Não é o lugar de fala dela. Ela nunca foi atriz de cinema, era chacrete. Deve ter sofrido preconceito, pois fez os filmes pornográficos depois, por necessidade. Eu não condeno, já me convidaram, mas não quis fazer porque não consigo ir para a cama com homem que não me diz alguma coisa, que não tenho atração física".

Elas lembram que globais atuaram no cinema nesse período - Sônia Braga protagonizou cenas quentes em "A Dama do Lotação" (1978), uma das maiores bilheterias nacionais. "Quem era da Globo não ficou rotulada, só nós que fizemos nosso nome no cinema".