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Atriz Thalita Carauta sobre racismo: "Não faço a rica, faço a empregada"

Thalita Carauta e Lázaro Ramos - Mari Vianna/Divulgação
Thalita Carauta e Lázaro Ramos Imagem: Mari Vianna/Divulgação

Jonathan Pereira

Colaboração para o UOL

18/06/2019 07h58

Thalita Carauta falou sobre como o racismo afetou sua vida e a de sua família no "Espelho" de hoje. A atriz, que fez sucesso com personagens como a Janete do extinto "Zorra Total" e protagonizou filmes como "Duas de Mim", contou a Lázaro Ramos quando percebeu que a cor de sua pele influenciava em como as pessoas lhe tratavam.

"A minha bisavó era negra de pele preta, meu bisavô também, minha avó casou com um português. No subúrbio você fica no meio do fogo cruzado, porque você não é branca, mas quem é preto diz: 'você não sobre tanto'. Quando precisam de protagonista negra, vão chamar uma escura, não uma meia bomba", disse.

"Nunca senti nenhuma agressão ou nada que fizesse sofrer. Minhas primas, quando entravam no mercado, tinha um olhar, eu não passava por isso. Comecei a perceber que tinha uma cor e uma limitação no meu trabalho. Quando comecei a fazer novela, cinema, [vi que] não faço a rica, faço a empregada", continua.

Em outro momento, ela também sentiu que precisava mostrar sua capacidade. "Quando ia nas escolas dar aula, esse lugar onde você tem que provar que intelectualmente você é capaz. Foi a primeira vez que comecei a me deparar [com preconceito]".

Thalita sabe que poderia ser pior. "Você que eles acham que é moreno, não sofre tanto, não é apontado como crioulo, como macaco. Minhas primas sofriam muito isso. Minha família 80% é negra de pele escura. Não sofri as pressões mais violentas, mas eu sofri limitação no meu espaço de trabalho, e até hoje", lamenta.