Após suspensão, Marco Antonio Villa deixa Jovem Pan: "Não havia mais clima"
O historiador e comentarista político Marco Antonio Villa anunciou a sua saída da rádio Jovem Pan, depois de ser suspenso por 30 dias pela própria direção da emissora, em maio. Houve acordo para a rescisão do contrato estabelecido pelas duas partes.
"Eu decidi que não queria mais voltar para a Pan. Não tinha mais nem condições de voltar a trabalhar lá. Senti que não havia mais clima depois de me darem uma quase punição", disse ele ao UOL, por telefone.
Às vésperas da manifestação pró-governo, ocorrida em maio, Marco Antonio Villa disse no "Jornal da Manhã" que "atos neonazistas [aconteceriam] no dia 26" (Assista abaixo). Nos bastidores, a declaração foi citada como estopim para a decisão da direção da emissora.
Inicialmente, a Jovem Pan informou que Villa havia tirado férias, o que logo foi contestado pelo professor. "De férias eu não estou. Nunca tirei férias, não seria agora com essa situação do país que tiraria."
Após quatro anos e meio de serviços prestados à emissora, Villa cita a frustração em ter que deixar a rádio "dessa forma".
"Fiquei entristecido com a minha saída, gostava muito de trabalhar lá, mas infelizmente acabou dessa forma, que não era a melhor forma que eu queria que terminasse essa relação. Eu fiz de tudo para ter uma saída elegante, não queria sair batendo a porta", avalia ele.
Villa conta que já foi sondado por duas empresas, TV e rádio, mas prefere não se adiantar. "Tenho contatos, tenho conversas".
Crítico feroz de Bolsonaro
Crítico feroz do governo Bolsonaro, Villa afirmou que as suas análises sempre incomodaram. "Eu sempre tive a postura crítica em relação aos quatro últimos governos: Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro. Isso incomoda o nosso poder. O poder nunca gostou de críticas", prossegue.
Embora mantenha críticas ao governo de Jair Bolsonaro, o comentarista político não soube dizer se o atual presidente foi quem pediu o seu afastamento. "Seria leviandade da minha parte dizer que ele teve um dedo nessa história. Não posso dizer que 'sim', nem que 'não'. Seria uma irresponsabilidade", avalia.
"Não é agradável o que eu estou passando, não sou moleque, tenho história, compromisso com a história. Mas como diz o poeta: 'tenho que manter a espinha ereta e o coração tranquilo'. Não me dobro aos poderosos", disse, na ocasião.
Através de comunicado lido por Felipe Moura, diretor de jornalismo da Jovem Pan, a rádio informou que o presidente Bolsonaro nunca pediu a cabeça de ninguém na empresa.
"Antes de continuarmos com o programa, um breve esclarecimento institucional: blogueiros sujos publicaram na internet que o presidente Bolsonaro mandou e a Jovem Pan demitiu o historiador Marco Antonio Villa. O Grupo Jovem Pan informa, nesta terça-feira, 28 de maio de 2019, que são duas fakes news: Villa, nesse período que compreende semanas de maio e junho, está de férias, e Bolsonaro nunca pediu 'cabeça' de qualquer profissional da empresa", disse Moura no programa "Os Pingos Nos Is".
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