"Três dias sem lavar a mão", lembra apresentadora do The Voice fã de Xuxa
No ar em Verão 90 como Kika, a cantora mascarada, Jeniffer Nascimento, está radiante com a oportunidade de apresentar a nova temporada do The Voice Brasil, que estreia dia 30 na Globo. Ela vai acompanhar os bastidores durante toda a jornada dos participantes no programa, desde a fase de audições às cegas até a grande final.
"Apresentar sempre foi uma vontade. A minha de ser artista começou imitando a Xuxa apresentando programa de TV na frente do espelho, essa foi minha primeira paixão. Fiquei muito feliz quando a Globo me fez esse convite, principalmente no The Voice, que é um programa que tem tudo a ver comigo, sempre acompanhei todas as edições", comemora a atriz de 25 anos.
Jennifer ganhou o reality musical Popstar no ano passado e diz que sabe bem como é estar do outro lado e ser julgado. "Assim como no programa, a música também faz muito parte da minha vida, então entendo bem do assunto, sei o que é estar ali do outro lado concorrendo, a expectativa das famílias. Vai ser uma troca muito positiva".
Fã de Xuxa desde a infância, a atriz tem um episódio divertido de quando viu a rainha dos baixinhos de perto. "Eu era muito fã, de fazer cartaz. Ela me deu a mão num show e fiquei três dias sem lavar a mão, tomava banho com um saco enrolado porque a Xuxa era muito cheirosa, ficou o cheiro dela na minha mão", lembra ela, aos risos.
Além de Xuxa, Jenniffer já ficou colada na grade para um show de Beyoncé e conta que sua mãe era tiete do cantor Daniel. "Minha mãe tinha carteirinha de fã-clube, todo final de ano eu ia com ela na estância do Daniel e, anos depois, participei do DVD dele. Sempre estive ali nesse meio, então valorizo cada um que gasta seu tempinho".
Representatividade e preconceito
Sempre que pode, a atriz atende seus fãs e comemora por poder contribuir por uma maior representatividade negra na TV. "Na minha época eu queria estar naquele lugar [de destaque], mas não me reconhecia, era muito distante. Até em desenho animado, nunca podia ser a personagem que eu gostava porque ela nunca era preta. Fico feliz hoje de poder ser referência".
Jennifer explica que desde a infância sempre tentou se encaixar nos padrões da sociedade, por conta disso, alisava seus cabelos. Só depois que estreou em Malhação, em 2014, ela passou a sentir mais de perto o que era o preconceito.
"Quando fui me dar conta do que é ser preto no nosso país foi doloroso. Eu era comunicativa quando era criança. Para mim, se alguém me zoava, eu jogava na mesma moeda. Usei química [no cabelo] desde cedo. De certa forma, sofri menos preconceito porque eu sempre tentava me enquadrar àquelas pessoas", diz.
"Sempre estudei em escola particular, queria estar com o cabelo liso igual ao das meninas, queria ter a mesma marca de roupa delas. A partir do momento que assumi meu black e isso me diferenciou desses padrões, eu senti o que era a repressão da sociedade", conta ela. "Até hoje quando passo por uma situação [de racismo] às vezes ainda fico sem reação porque não consigo conceber que isso exista".
Já adulta e com os cabelos crespos, a atriz lembra de situações constrangedoras de preconceito racial. "Sofri muito porque até Malhação meu cabelo era liso, usei a trança porque a Sol era uma personagem empoderada. Quando tirei as tranças e estava com black, comecei a sentir várias coisas, de pedir táxi à noite e passarem três carros sem parar. Teve um episódio num banco, mostrei meu RG, meu cabelo estava liso, a mulher ficou falando que não era eu".
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