"Era um adolescente racista, homofóbico e machista", conta Fábio Porchat
Fábio Porchat deu entrevista a seu antigo concorrente nos fins de noite. No Conversa com Bial de ontem o humorista, que estreia no próximo dia 6 o programa Que História é Essa, no canal GNT, falou como analisa a necessidade das pessoas na sociedade atual.
"Todo lugar a gente vê opinião, é um negócio de louco. As pessoas estão querendo 'lacrar' o tempo inteiro. Nas redes sociais, no programa. Antigamente se lacrava muito em talk show, agora estão lacrando 10h30 da manhã na Fátima [Bernardes], na Luciana Gimenez, na internet... A gente está vendo muita opinião, e o melhor de tudo são as histórias que a gente conta. Opinião política, machismo, feminismo, aborto, Bolsonaro, e o que eu quero é história", explica.
Ele conta que pediu conselhos a outros apresentadores quando aceitou fazer um talk show na Record, extinto ano passado. "Fui conversar com algumas pessoas, falei com Marília Gabriela, Luciano Huck, o Jô [Soares], com a Luciana Gimenez... Falei com as pessoas que faziam TV aberta para entender como era, todos me receberam super bem".
Isso não o livrou de alguns perrengues. "Eu esquecia quem estava entrevistando no meio da entrevista. Sabia quem era a pessoa, mas esquecia o nome. Quando tinha que se despedir, usava a técnica de balbuciar o que talvez seja".
No Porta dos Fundos, comentou um dos vídeos mais recentes, "Balbúrdia", em que o grupo zoa como seria uma universidade federal na visão do atual governo, que cortou verbas para as unidades. "Esse vídeo viralizou pra Direita e pra Esquerda. A Esquerda falou 'olha que loucura' e a Direita: 'tá vendo como é?'", diverte-se.
Bullying
Porchat também relembrou os tempos de escola. "Sempre sofri muito bullying de [ser chamado de] viadinho. Para criança e adolescente na escola é o pior problema do mundo. Depois de adulto entendi que ser gay não é problema de caráter".
Mas também dava o troco. "Eu era horrível. Lógico que eu era um adolescente racista, homofóbico, machista, total, contava piadas racistas das piores. É importante que a gente perceba que acabou. Era bom pra mim, pra você, homem branco, hetero. Pro resto da população era uma merda. Fiz brincadeiras que machucaram pessoas, como também fui machucado. Hoje as coisas estão mudando".
Houve um processo para chegar ao raciocínio atual e perceber os exageros. "Eu fui me dando conta, entendendo, ouvindo o que as pessoas têm a dizer. Pode ser que na sua realidade não tenha racismo, não haja pessoas passando fome, mas a do país é outra realidade", argumenta.
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