Neto fala de Mussum e racismo no humor: "Ferida muito aberta"
Morto há 25 anos, Mussum ficou eternizado no coração de uma legião de fãs de Os Trapalhões e também da nova geração, que o conheceu por meio dos memes gerados com seus bordões na internet, filmes e até produtos licenciados com seu nome. Pedro Roldan, neto de 23 anos do humorista, segue os passos do avô e está brilhando no 70? Doc.Musical Divino Maravilhoso, em cartaz no Theatro Net Rio, em Copacabana, Zona Sul carioca.
O rapaz canta e dança, além de chamar atenção belo porte físico exibido durante as cenas sem camisa no espetáculo. Em conversa com UOL, o jovem falou do orgulho de ter herdado o DNA artístico na família e contou que, no início, evitou fazer comédia por medo de comparações com o avô.
"Acho que consegui me sair bem. Sempre recebi convite e tinha medo de fazer. Queria evitar as comparações com meu avô e sempre pensei que não iria conseguir. Ele é muito genial. Pensava: 'Nunca vou chegar nem perto. É melhor nem tentar'. Fiquei muito feliz de ter descoberto essa nova veia artística em mim", conta o ator, que fez parte do grupo Noite da Comédia Improvisada.
Assunto recorrente quando se fala de Os Trapalhões, Pedro acredita que o tipo de "brincadeiras" a que o personagem do avô era submetido no humorístico de sucesso da Globo, muitas consideradas racistas, hoje não têm mais lugar.
"Na época, essas piadas passaram 'despercebidas' nesse aspecto. Sempre foi uma ferida muito aberta falar sobre racismo, homofobia. São assuntos delicados. Mas acho que nessa geração, nós estamos mostrando mais as coisas e colocando nossa cara a tapa", opina.
"Concordo que, hoje em dia, esse tipo de humor não seria legal. É complicado você tocar nesses assuntos atualmente. Esse tipo de humor tiraria um pouco o peso e a seriedade com que esses assuntos devem ser tratados pela sociedade. Não é o ideal brincar e fazer humor com essas feridas, que ainda estão muito abertas".
O jovem diz que se tornou um grande fã do trabalho do avô por meio de sua mãe, a artista plástica Jacqueline Michelle Roldan, 56.
"Minha mãe me apresentou o meu avô de uma forma muito boa. Apesar de não ter conhecido e convivido com ele, tenho um carinho muito especial. Obviamente, o Mussum é uma das grandes referências que eu tenho, porque ele canta também, como eu. Ele era do grupo Os Originais do Samba e cantava muito bem. Sempre tive muitas fitas cassetes do meu avô. Tinha quase todos os filmes de Os Trapalhões e os discos", conta.
Pedro conta que os trapalhões Didi (Renato Aragão) e Dedé (Manfried Santana) o receberam bem quando ele os conheceu.
"Eles me tratam com o maior carinho do mundo. Conheço o Renato Aragão e o Dedé Santana, inclusive sou muito amigo da filha dele, a Yasmin. Ela já me assistiu no palco e ele deve vir ver o musical também. O Dedé já me contou histórias deles e me disse uma vez que o meu jeito de andar é muito parecido com o do meu avô", orgulha-se.
Depois de uma briga pública com o pai, o advogado Augusto Cézar Bernardes Gomes, 54, Pedro vive em paz com o primogênito de Mussum. "Tive uma questão com o meu pai, mas já foi resolvida há alguns anos. Agora, está tudo bem. Não era uma briga por eu querer ser ator e seguir os passos do pai dele. Era mais [sobre] ele me assumir mesmo como filho. Mas estamos bem. Isso já foi totalmente resolvido. Estamos em paz", comemora.
Dedicado, Pedro iniciou no teatro ainda na infância. "Comecei fazendo teatro aos 4 anos. Foi meu primeiro contato com a arte. Minha mãe me colocou em um curso perto de casa e, desde então, nunca mais parei de estudar. Com 10 anos, mais ou menos, me formei em teatro profissional, no Retiro dos Artistas", explica o rapaz, que canta e dança no 70? Doc. Musical.
Nudez e novelas
Desibido no palco, ele exibe o corpo definido em uma cena ousada de lingerie fio-dental.
"É tranquilo, nunca tive nenhum bloqueio com o meu corpo. Estou sempre à disposição da arte. Ainda mais no 70 Doc. Musical, que retrata uma década tão importante e de tanta criatividade artística. Quando tem um contexto e uma intenção legal por trás não vejo problema nenhum em tirar a roupa", justifica.
Assim como o tio, Antônio Carlos Júnior, o Mussunzinho, que está no ar em Bom Sucesso, Pedro sonha com um espaço na TV.
"Quero experimentar todas as vertentes, cinema, teatro, televisão. Hoje em dia, tem o mercado de séries também no Brasil que é muito bom. Obviamente, televisão é um sonho. Você estando na mídia, o retorno e reconhecimento do seu trabalho é maior. Novela é o auge que eu busco na minha carreira".
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