Sobrevivente de acidente da Chape ficou sem falar e vai cantar na Globo
Sobrevivente do acidente aéreo com o time da Chapecoense, Jakson Follmann, 27 anos, está no elenco do Popstar, reality musical da Globo, que estreia no dia 27. Um dia após ter alta do hospital, onde ficou quase dois meses internado em 2016, o ex-goleiro esteve no programa Encontro com Fátima Bernardes e contou sobre seu gosto pela música.
"Naquela ocasião, acabei cantando no programa. Depois de muito tempo, o pessoal da Globo me ligou e fez o convite para o Popstar. Aceitei logo, porque gosto de desafios, e esse é mais um desafio muito positivo na minha vida. Vai ser muito emocionante, tenho certeza de que vou crescer ainda mais como pessoa, vou descobrir um pouco mais da música", contou Follmann, que teve a perna direita amputada e precisou passar por diversas cirurgias.
O atleta não descarta se profissionalizar na carreira de cantor. "Quem sabe, né? A gente não pode falar que não. Agora, o foco é me divertir e divertir as pessoas que estão em casa. Acredito que vou poder passar uma mensagem legal."
Quem o vê assim, sorridente e otimista com o novo desafio, não imagina que, há menos de dois anos, ele perdeu a fala e se desesperou.
"Tive um problema na cervical, fiz uma operação pela frente [aponta para a garganta], acabei ficando uns 40 dias sem falar, e isso me preocupou bastante no hospital. Me esforcei para voltar a falar e, agora, faço fono para poder cantar", explica.
No Instagram, Jackson costuma compartilhar vídeos cantando acompanhado do violão e tem como principal plateia seus dois cachorrinhos: Xiru e Guapo, além da mulher, Andressa, grávida de cinco meses do primeiro filho do casal.
"A música foi fundamental na minha recuperação. Quando estava em coma, minha esposa e meus pais colocavam músicas para me deixar mais tranquilo. Depois que acordei, sempre que ficava estressado, eles colocavam uma música e eu ia me acalmando. Essa cirurgia que fiz pela frente, quando perdi a voz, sofri muito, porque amo cantar. Na minha cabeça eu ficava: 'Poxa, será que não vou poder voltar a cantar?'. A música me traz paz", explica.
Sorridente e bem-humorado, Follmann tem sido um exemplo de superação. Além de embaixador da Chapecoense, função que permite que ele viaje com frequência para representar o clube, ele é palestrante e integrante do Instituto de Prótese e Órtese Chapecó.
"Meu papel é relacionamento, tirar dúvidas do paciente que acabou de perder seu membro. Existem muitos mitos, e a maioria das coisas que acontecem é da noite para o dia. A pessoa acaba ficando desnorteada, confusa, então meu papel é acalmar e explicar o que vai acontecer, mostrar que há vida após a perda de um membro. Fico feliz demais em dar seguimento à minha vida, agora de uma forma diferente, mas também prazerosa e que me dá ânimo para seguir em frente."
O voo LaMia 2933, que transportava atletas, equipe técnica e diretoria, além de jornalistas que cobririam a primeira partida da final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional, caiu em 28 de novembro de 2016. Entre passageiros e tripulantes, 71 pessoas morreram. Seis foram resgatadas com vida, entre elas, Follmann.
"Estou me reconstruindo. Não posso fugir disso, tive mais de 13 fraturas pelo corpo. É um mundo novo, prazeroso, em que estou me redescobrindo. Sempre tive uma fé muito grande, sempre fui uma pessoa para a frente. Minha família é assim, meus amigos também. Sempre busquei força neles por tudo o que aconteceu", conta.
O atleta explica que nem sempre acorda feliz. Como qualquer ser humano, tem seus altos e baixos. "É lógico que se eu falar que sempre acordo sorrindo, vou estar mentindo. Também choro, acordo, às vezes, ranzinza. Mas procuro sempre levar minha vida para a frente. Claro que não esqueci o que passou, isso faz parte da minha história. Que bom que posso acrescentar algo positivo à vida das pessoas. Recebo muitas mensagens de pessoas que, de alguma forma, acabei ajudando. Vejo que um dos propósitos foi esse: mostrar no dia a dia que existe vida após a perda de um membro, após um trauma grande. Fico feliz em ajudar", conclui.
"Estou preparado para as críticas"
Em casa, Follmann adora cantar sertanejo, como os sucessos da dupla Guilherme e Santiago e Rick e Renner. Zezé Di Camargo e Luciano, além de Leonardo, também estão entre seus artistas preferidos. O atleta entrega que sertanejo e pagode são ritmos bastante presentes em seu repertório.
"Estou preparado para as críticas. Não foge muito do que fiz a minha carreira toda como atleta. A gente sabe que nenhum candidato vive da música ou é cantor profissional. Vou procurar me doar ao máximo, e as críticas vão vir. Vou levar mais para o lado construtivo."
Para fechar, Follmann deixa um recado para quem está passando por momentos difíceis e precisa superá-los.
"Quando as pessoas se cansam, elas têm que parar para descansar. E nunca desistir. A vida é uma só, e temos que viver da melhor maneira possível. Essa frase 'o dia de amanhã pertence a Deus' a gente ouve bastante, mas talvez não dê a devida atenção até que algo de mais grave aconteça. Hoje eu valorizo as coisas simples da vida, vivo muito o dia de hoje porque o amanhã eu sei que realmente a Deus pertence."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.