Nuno Leal Maia lembra saída da Globo: "No fim, cortavam minhas cenas"
Longe da Globo desde 2015, quando não teve o contrato renovado, Nuno Leal Maia, 72 anos, sabe que existe vida após a emissora. E, para veteranos como ele, existe uma nova porta, que tem se mostrado cada vez mais aberta: o universo das séries. A última novela rodada por ele na Globo foi Amor Eterno Amor (2012), e desde então o Gaspar de Top Model vive de participações e projetos na TV e streaming.
Seus trabalhos mais recentes foram a série Juacas (2017), da Disney Channel, em que viveu um professor de surfe, e Chuteiras Pretas (2019), da Amazon Prime Video, que estreou em julho trazendo o ator na pele de um ex-jogador que perde o dinheiro no divórcio e precisa mentorar um atleta em decadência.
Saudades dos tempos da Globo? Nem pensar. "Eu me sinto mais livre agora. Para criar e trabalhar onde eu quiser. Valorizo isso. O mercado se abriu muito com a expansão da TV a cabo e está favorecendo muita gente. Muito mais séries estão sendo produzidas, o que é ótimo para atores mais velhos", diz ao UOL Nuno, que ainda não cogita aposentadoria.
O ator acaba de rodar em Santos um curta dirigido por Francisco de Paula (Areias Escaldantes) e seu próximo trabalho na TV já está gravado: a série Ausentes, que estreia em 2020 na TNT. A produção contará histórias independentes sobre entes desaparecidos, e Nuno será um morador de um asilo em um dos episódios. "Também quero fazer teatro, mas está difícil arrumar patrocínio. Estou correndo atrás."
Saudade de criar com autores
Apesar de não se alimentar de nostalgia, Nuno Leal Maia se ressente de pelo menos uma experiência que viveu em boa parte de seus 40 anos de Globo: bater bola com diretores e, principalmente, autores para a composição de personagens.
"Antigamente, o ator criava muito. A gente trabalhava intensamente junto do autor. Eu tinha muita liberdade para sugerir coisas e criar personagens", relembra.
"Em Mandala, por, exemplo, atuei muito com o Marcílio Moraes [coautor]. Em Top Model, com o Antônio Calmon. Eles eram ótimos. Senti que isso foi se perdendo com o tempo. Na última novela que fiz na Globo, eles cortavam minhas cenas. Ficou muito difícil ter liberdade e autonomia de voo. Agora, sinceramente, não sei como está lá."
Sempre Pasqualete
Um dos trabalhos que permitiu Nuno Leal Maia voar alto foi o papel do professor/diretor Pasqualete em Malhação: Múltipla Escola. interpretado por dois anos seguidos, em 1999 e 2000, e posteriormente retomado devido ao sucesso. "Ele foi muito importante pra minha carreira e gostei muito de fazer", orgulha-se Nuno.
"Ali eu pude criar. Fiz um personagem careca, e isso me deu uma canseira. Tinha que rapar o cabelo toda hora. Olhei o nome Pasqualete e fui na onda do Mussolini. Daí inventei um jeito de falar e comecei a criar um personagem meio maluco. Eu não esperava fazer o Pasqualete por tanto tempo. Tive que usar muito protetor solar na cabeça (risos)."
Retornando à casa?
Voltar à Globo não está nos planos de Nuno Leal Maia, mas a possibilidade existe. Ele foi sondado recentemente para participar de "Filhas de Eva", nova série dirigida por Leonardo Nogueira, que deve contar com Renata Sorrah, Giovanna Antonelli, Vanessa Giácomo, Dan Stulbach e Marcos Veras no elenco.
"Uma produtora de elenco da Globo me ligou, mas até agora não foi confirmado nada. Não me retornaram. Eu voltaria tranquilamente, porque quero continuar trabalhando. Sou ator."
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