Rita Lobo diz o que não comprar no mercado e dá dicas para quarentena
Não tem lado bom no coronavírus, mas essa mudança de rotina também pode ser uma oportunidade para as pessoas refletirem sobre a própria alimentação. E mudarem.
Rita Lobo, criadora do site Panelinha e atualmente no ar pelo GNT com o programa "Cozinha Prática", acredita na transformação possibilitada pela culinária, o que pode ser especialmente importante neste momento de isolamento domiciliar. Ela mesma redefiniu o rumo de sua vida graças ao contato com os alimentos, quando trocou a carreira de modelo pela de chef de cozinha.
Encarando a pandemia de covid-19 com bastante sensibilidade, Rita, que está isolada em casa com a família, trocou a parafernália de estúdio — câmeras, equipe, luzes — com a qual já está acostumada, para ajudar, mesmo com uma estrutura mais simples, as pessoas a descobrirem do que são capazes no preparo de uma receita. E é da cozinha de casa que ela transmitiu na semana passada lives pelo Instagram com soluções práticas e saudáveis.
Em entrevista ao UOL, a chef fala sobre quais ingredientes fundamentais para ter na despensa, as escolhas inteligentes nas prateleiras do mercado e faz um alerta sobre a urgência da mudança de hábitos alimentares. A experiência dos últimos dias não poderia ser mais recompensadora. Rita diz que na quarentena todo mundo vai ter que se virar: quem sabe cozinhar terá de cozinhar mais e quem não sabe pode ter mais dificuldade. Mas os desafios, ela ressalta, são para todos. E qual deve ser a alimentação agora?
"Para quem mora no Brasil, não existe dieta melhor do que a brasileira: ela combina de forma balanceada quatro grupos de alimentos abundantes no país. De um lado do prato vai o arroz e o feijão —e para quem come, um pedaço de carne, que pode ser vermelha, branca. Do outro lado, as hortaliças, que são legumes e verduras", ensina.
Sobre o que priorizar no mercado, a apresentadora alerta para os alimentos ultraprocessados, que devem ser deixados de lado por fazerem mal à saúde. Ela recomenda produtos como arroz, feijão, grão-de-bico, macarrão, polenta e farinha de mandioca: "Todos são alimentos de verdade, duram muito tempo, mas são ingredientes de preparações caseiras. Se a pessoas não está disposta a investir tempo na própria saúde, nada feito".
"Sabemos que para deixar a alimentação saudável devemos excluir os ultraprocessados, que são aqueles alimentos cheios de aditivos químicos e excesso de sal, açúcar e gordura. Como saber? Leia o rótulo! Ou melhor, a lista de ingredientes na parte de trás da embalagem. Tem nomes de coisas que parecem de laboratório? É um ultraprocessado. Exemplos: macarrão instantâneo, lasanha congelada, nuggets, salgadinhos de pacote, biscoito recheado, tempero pronto, refrigerantes. O consumo desse tipo de produto é diretamente ligado a outra pandemia, a da obesidade. E o pior: eles estão sumindo das prateleiras dos supermercados. Não porque duram mais e sim porque as pessoas não sabem cozinhar", afirma.
As feiras estão às moscas, e os supermercados, abarrotados. Eu prefiro ir à feira. Só deixaria de fora da alimentação agora as folhas cruas. Mas há um mundo de legumes e verduras que podem e devem passar por algum método de cozimento.
'Cozinhar é libertador'
Rita Lobo não é só uma defensora da culinária saudável. Para ela, o ato de cozinhar melhora a qualidade de vida da forma mais abrangente possível. Com a pandemia, ela diz que isso fica ainda mais evidente.
"Não dependemos da comida ultraprocessada nem do delivery. Mas vai além. E em tempos de estresse coletivo, isso fica ainda mais evidente. A cozinha é um lugar para se conectar com as coisas essenciais da vida. Ela obriga a estar presente no momento. Se ficar prestando atenção nas redes sociais, ou você se corta ou se queima. Tenho certeza absoluta que, quem está aproveitando este período para cozinhar mais, além de se alimentar melhor, está driblando o estresse das incertezas", diz ela, sobre os dias que vivemos.
Há 20 anos com o Panelinha, a chef diz que vem testemunhando uma enorme transformação, que pode se aprofundar ainda mais em tempos de pandemia: "Nesse momento de crise, em que tudo, absolutamente tudo, que há anos estamos fazendo está sendo colocado em prática, fica uma sensação de missão cumprida. Dos dois lados. Quem aprendeu a cozinhar conosco se sente recompensado".
Estamos vibrando com os resultados do trabalho que estamos fazendo há tanto tempo. É uma revolução silenciosa melhorar a alimentação nas casas. Mas o orgulho é estrondoso. É como sempre digo: cozinhar é libertador.
Para quem quer começar a cozinhar
Para quem tem vontade de aprender a cozinhar existe só um caminho: colocar a mão na massa. A dica de Rica Lobo é realmente fazer algo que agrade ao paladar, até mesmo para que o preparo dos pratos seja prazeroso. A diferença é que durante o isolamento social isso será uma questão de sobrevivência e o desafio é não se deixar seduzir por soluções rápidas, mas que nem sempre são as mais aconselháveis, como o delivery.
"Ultraprocessados são péssimos para a saúde e pedir comida é um risco para a saúde nesse momento. O jeito é cozinhar. O sujeito quer uma opção de salsicha caseira light e saudável... Tem que pensar em como comer mais comida de verdade, não em como fazer comida de verdade ficar parecida com ultraprocessados! Petit suísse de inhame não dá! Coma inhame, coma morango, se quiser. Mas dê preferência aos alimentos que estão na época! E claro, aos alimentos de verdade, aqueles que foram minimamente processados, como os grãos (todos), as farinhas (de mandioca, de milho, de trigo), as carnes (que não foram temperadas na fábrica), ovos, leite etc", diz.
E quem gosta de macarrão instantâneo? A apresentadora orienta a fazer um prato simples e saudável: "Talvez um bom começo seja cozinhar qualquer massa (de verdade) na água, pelo tempo indicado na embalagem; numa outra panela com um pouco de azeite, é só juntar uns tomates picados, um dente de alho amassado, temperar com sal, pimenta-do-reino e umas folhas de manjericão. Aqueceu, tá pronto. Escorre a água, junta o macarrão com o tomate e come uma refeição digna".
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