Reality com bonitões proibidos de transar é a melhor besteira de 2020
Imagine que um grupo de dez super-heróis tenha sido jogado em um lindo planeta. Pouco depois de chegarem lá, são avisados que seus incríveis superpoderes não fazem o menor efeito naquele ambiente distante.
Essa metáfora, usada por um dos participantes, explica muito bem o que é "Brincando com o Fogo" (ou "Too Hot to Handle", no título original), novo reality show da Netflix que estreia hoje na plataforma. Mas você também pode chamar de "melhor programa que verá este ano".
Como funciona?
Cinco homens e cinco mulheres de vários países diferentes, com pinta de modelos, todos desinibidos e com alergia a relacionamentos sérios, são colocados em um retiro à beira mar em Punta Mita, no México. A única regra: para receber o prêmio de US$ 100 mil, que é dividido dentro do grupo, eles terão que deixar de fazer o que todos costumam fazer em programas do gênero: sexo. E não vale nem beijinho, mão boba ou sessões solitárias de autoprazer. Cada vez que isso acontece, um valor estipulado de milhares de dólares é descontado do prêmio. Quando maior o "crime", maior o desconto.
Por que é melhor que 'Big Brother', 'Casamento às Cegas' e 'The Circle'?
Porque é uma premissa original, sarcástica, beirando o genial, que tira sarro de participantes que exibem ambições e personalidades tão profundas quanto uma poça d´água na calçada. Eles fazem questão de esclarecer, desde o início, que estão ali para se pegar. E a regra de castidade só é anunciada para os participantes depois de 12 horas no local. Antes, eles têm a certeza que foram convidados para uma competição que tem 150% de chance de acabar em sexo. Pegadinha do malandro.
Fora que...
Você já teve ter visto essa espécie de "aposta do sexo" em outro lugar, não? Sim, ela é mote de um dos melhores episódios de "Seinfeld", aquele em que Jerry, George, Elaine e Kramer apostam quem consegue ficar mais tempo sem se masturbar. Involuntária ou não, é uma referência de se tirar o chapéu.
Os participantes são um show à parte
Especialmente na hora de se apresentar. O americano Sharron se vê como um "esquerdo-macho" que guarda a foto do próprio pênis ao lado de um spray aromatizador. Também temos David, um cavalheiro britânico que gosta de chegar em bares tirando a camisa e exibindo o tanquinho. Já Rhonda é uma mulher "empoderada" que ama o próprio bumbum e quer encontrar um homem que tenha emprego e, ao mesmo tempo, tatuagens. E ainda aparece Haley, uma patricinha que não sabe onde a Austrália fica e que ama garotas como ela: esguias e com peitões.
Eles conseguem se segurar?
Vamos lá para o aviso: a partir daqui, este texto traz spoilers de 'Brincando com Fogo'. Se você ainda não viu e não quer saber quem transa com quem ou quem recebe o prêmio no fim, pare por aqui mesmo.
Mas se é spoiler que você quer... a resposta é: claro que não. Dois casais são formados ao longo do verão, Harry e Francesca e Sharron e Rhonda, e se deixam cair em tentação —especialmente o segundo— e não se livram do mal de desperdiçarem milhares de dólares. Do total de US$ 100 mil a que eles teriam direito, US$ 25 mil (mais de R$ 100 mil) são jogados fora na pegação desenfreada. Ao fim da temporada, eles recebem um total de R$ 75 mil —R$ 7.500 para cada um, fora impostos.
O que a série pretende
No meio de todo o besteirol e sadismo —a apresentadora, Lana, é um curioso objeto cônico de inteligência artificial—, há um objetivo nobre. Fazer com o que os bonitões deixem de entrar em relacionamentos superficiais para tentar construir conexões verdadeiras: uns com os outros e também com o mundo do lado de fora.
Para aprenderem a lição, participam de atividades como encontros românticos (sem encostar muito), dinâmicas estranhas e workshops, além de banho de lama. Há choro, suor e lágrimas, misturadas com boas intrigas. Afinal, ao beijar alguém, você está pensando só em você e deixa os coleguinhas mais "pobres".
Os participantes se transformam?
Renunciar ao amor físico em nome do amor pelo dinheiro pode ensinar de fato alguma coisa? A edição de "Brincando com Fogo" prova que sim. Todos ali parecem desenvolver amores e amizades que ficarão para a vida, embora as conversas entre eles sejam na maioria do tempo sobre o próprio jogo e quase nunca sobre aspectos da vida, do mundo, de valores, culturas. Sobra pouca coisa.
No mais, o programa cai como uma agradável futilidade para passar o difícil tempo na quarentena, já que milhões estão na mesma situação no mundo —só que sem dinheiro ou alguém para conversar frente a frente. Às vezes é melhor assim.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.