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Dira Paes relembra papel em 'Fina Estampa' e lamenta feminicídio crescente

Dira Paes - João Cotta / TV Globo
Dira Paes Imagem: João Cotta / TV Globo

Rafael Godinho

Do UOL, no Rio

13/05/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Dira Paes viveu Celeste, mulher vítima de violência doméstica em 'Fina Estampa'
  • A atriz vê como um momento oportuno a reprise da novela em um momento que o feminicídio cresceu no Brasil
  • Dira ficou espantada ao pesquisar sobre o tema quando fez laboratório para a novela em 2011
  • A artista lamento que o país tenha avançado tão pouco em nove anos no combate à violência contra mulher

No ar como Celeste, em "Fina Estampa", Dira Paes vê reacender um tema importante com a reprise da trama de Aguinaldo Silva, no horário nobre da Globo. A atriz viveu uma mulher vítima de violência doméstica do marido, Baltazar (Alexandre Nero) e luta por uma vida completamente diferente da sua.

As coisas não acontecem por acaso. A presença de 'Fina Estampa' nesse momento da pandemia ressuscitou o tema da violência contra a mulher com muita atualidade. O que nos faz sentir, de certa maneira, que nós não avançamos muito nessa questão

A novela é de 2011. Nove anos depois, o feminicídio continua crescendo no Brasil. Em matéria publicada pelo UOL, em março de 2020, mostra que a violência doméstica cresceu 50% com a quarentena pelo novo coronavírus, só no Rio de Janeiro.

Na ficção, a mãe procurava força para seguir na relação com a filha, Solange, vivida por Carol Macedo.

Mesmo sendo violada fisicamente e moralmente, ela apoia a filha. Ela se arrisca pela filha. Ela vai atrás dos sonhos da filha. Ela reforça os desejos da filha, para que ela não repita o seu ciclo de frustação. Se realizar através de um filho é real e isso é muito maternal

Cenas de Celeste (Dira Paes), com Baltazar (Alexandre Nero) e Solange (Carol Macedo), em 'Fina Estampa' - Reprodução/ Globo - Reprodução/ Globo
Cenas de Celeste (Dira Paes), com Baltazar (Alexandre Nero) e Solange (Carol Macedo), em 'Fina Estampa'
Imagem: Reprodução/ Globo

Dira relembrou sua maior dificuldade ao dar vida um papel tão delicado no folhetim:

O mais difícil e desafiador para mim, foi como fazer uma mulher passiva, com uma imobilidade que a impedia de sair de um ciclo de violência. Quando pesquisei, comecei a descobrir mulheres com histórico de 20, 30 anos de violência e isso foi uma questão que me impressionou muito. A imobilidade de pedir ajuda de fato

Outro fator complicado era falar de uma temática tão séria em uma produção que também tinha intenção de entreter o público. "Não foi fácil fazer, porque a gente sabe que era um assunto muito delicado e profundo, dentro de uma novela que tem muitos aspectos. Às vezes, você está no meio de um drama e faz uma cena mais cômica. Minha personagem está ali entre a comédia e a tragédia", justifica.

Dira Paes com o marido, Pablo Baião, e os filhos, Inácio e Martim - Reprodução/ Instagram - Reprodução/ Instagram
Dira Paes com o marido, Pablo Baião, e os filhos, Inácio e Martim
Imagem: Reprodução/ Instagram

O papel mexeu até com olhar da atriz sobre a maternidade de Inácio, de 12 anos, e de Martim, de 4. "A Celeste veio em um momento muito importante para mim. Eu já era mãe, mas a personagem tinha uma filha muito mais contemporânea que ela, querendo o mundo, querendo a vida, e vivenciando a violência dentro de casa. Não foi fácil porque a gente sabia que era um tema muito delicado, muito profundo. Foi muito desafiador", confessa.

Dira tem assistido novamente o trabalho antigo e engana-se quem pensa que ela lembra de tudo que aconteceu na trama.

Senti um estranhamento de perceber que eu não lembrava de muitas situações, de muitas cenas. Fui surpreendida. Isso foi muito legal, porque tem cenas ótimas, mas ao mesmo tempo me incomoda por não conseguir antecipar a cena. Mas são surpresas boas