Topo

Luiz Thunderbird se surpreende por estar vivo: 'Não era para eu estar aqui'

O ex-VJ também fala sobre sua experiência com abuso de substâncias - Ana Ottoni/Folha Imagem - Digital)
O ex-VJ também fala sobre sua experiência com abuso de substâncias Imagem: Ana Ottoni/Folha Imagem - Digital)

Do UOL, em São Paulo

18/05/2020 21h22

Em entrevista ao jornal O Globo, o ex-VJ Luiz Fernando Duarte, o Luiz Thunderbird, fala sobre a cena atual do rock e sobre suas experiências com a dependência química. Aos 59 anos, se surpreende por estar vivo: "Estou quebrando a estatística na porrada. Não era para eu estar aqui!"

Ele afirma que já ouviu inúmeras vezes o comentário de que o rock "morreu", e em todas fez questão de rebater: "Não, amigo, o rock não morreu. É que você envelheceu! Se você for atrás, vai achar. Ou você investiga na internet ou vai em bueiros assistir shows de pequenas bandas. Só o que você não pode é ficar no seu sofá esperando que o Luciano Huck te apresente isso. Não é papel dele!"

Thunderbird recentemente lançou um livro, "Contos de Thunder - a biografia". Nas 392 páginas, ele detalha o início de sua carreira na TV e sua trajetória com a música desde a infância em São Paulo até os dias de hoje. E principalmente: ele fala sobre sobre a dependência química.

Ele diz que foi João Gordo, do "Ratos de Porão", quem recomendou que ele diminuísse o consumo de cocaína. Nasi, vocalista do "Ira!" e parceiro no abuso de substâncias, o convenceu a se internar na clínica onde tratou o vício.

"Se não fosse aquilo, eu não estaria aqui! No começo de 97 eu achava que não ia passar daquele ano, foi meio que um milagre. Uma série de circunstâncias a favor me levaram à clínica e, uma vez lá, eu percebi que tinha passado uma semana sem usar drogas. Era possível! Se você tiver um pouco de vontade e um pouco de ajuda das pessoas, você consegue se livrar. A dependência química vai estar sempre comigo, mas você aprende a controlá-la."

Luiz afirma que, nos primeiros 15 anos de tratamento, foi radical: nem chegava perto de qualquer situação que pudesse levar a uma recaída. Com o passar do tempo, foi encontrando o equilíbrio:

"Depois eu pude relaxar e entender que eu não posso usar, mas o outro é o outro. Foi difícil ter essa segurança, de que eu não preciso viver num bunker, numa quarentena. E teve um período no começo do tratamento em que eu virei o super-herói da sobriedade, eu ficava dando conselhos para as pessoas e tentado ajudar até quem não tinha pedido ajuda."