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Na CNN, Waack é exposto por entrevistada em cobertura de ato antirracista

Do UOL, em São Paulo

02/06/2020 17h51

A jornalista e ex-consulesa francesa Alexandra Loras reclamou da participação de William Waack durante a cobertura de manifestações antirracistas feitas pela CNN Brasil, na tarde de hoje. Ela relembrou que o âncora já havia sido demitido da TV Globo após o vazamento de um vídeo com comentário de cunho racista, em 2017.

"Hoje, a CNN e toda mídia brasileira têm o poder de convidar acadêmicos negros para conversar sobre essa temática. Quando vejo o William Waack, que foi mandado embora por um episódio de racismo, e hoje ele debater tanto tempo sobre o racismo... Eu acho que deveríamos também convidar negros para debater sobre essas questões", disse ela, enquanto era entrevistada por Daniela Lima no programa "CNN 360º".

Loras referia-se ao vídeo em que mostra William Waack conversando nos bastidores durante a cobertura do "Jornal da Globo" da vitória de Donald Trump na eleição presidencial, em 2016. As imagens mostram o jornalista xingando um motorista que passa buzinando.

"Está buzinando por que, seu merd* do cacete? Deve ser um, com certeza, não vou nem falar de quem, eu sei quem é, sabe o que é?", disse ele, que cochicha supostamente a palavra "preto" no ouvido do entrevistado ao seu lado.

No mesmo dia que o vídeo vazou, em 8 de novembro de 2017, Waack foi afastado pela direção da TV Globo, que alegou em nota oficial: "Ao que tudo indica, [o comentário foi] de cunho racista".

Um mês depois, a Globo finalmente anunciou a rescisão do contrato com Waack, depois de um acordo entre as duas partes. No comunicado, a emissora ressaltou que não tolera "racismo em todas as suas formas e manifestações", embora o jornalista negue ter agido de forma preconceituosa.

Procurada, a assessoria da CNN Brasil disse que não iria se manifestar sobre o assunto.

"Não sou racista, minha obra prova"

Em artigo publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, em janeiro de 2018, William Waack pede desculpas e diz que a fala foi uma piada idiota, mas sem intenção racista.

"Aquilo foi uma piada —idiota, como disse meu amigo Gil Moura—, sem a menor intenção racista, dita em tom de brincadeira, num momento particular. Desculpem-me pela ofensa; não era minha intenção ofender qualquer pessoa, e aqui estendo sinceramente minha mão", ressaltou.

Em outro trecho, Waack admite a existência de racismo no Brasil. "Sim, existe racismo no Brasil, ao contrário do que alguns pretendem. Durante toda a minha vida, combati intolerância de qualquer tipo — racial, inclusive —, e minha vida profissional e pessoal é prova eloquente disso."