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Fora da CNN, Leandro Narloch critica Bonner e 'jornalismo lição de moral'

Leandro Narloch em entrevista à Rádio Jovem Pan - Reprodução
Leandro Narloch em entrevista à Rádio Jovem Pan Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/07/2020 14h17

O jornalista Leandro Narloch comentou sobre a sua demissão da CNN Brasil após ser criticado por utilizar o termo "opção sexual" e associar a promiscuidade à população homossexual em comentário sobre doação de sangue. O comentarista diz ter sido vítima da "cultura do cancelamento".

"Me parece que a cultura do cancelamento é esse costume de que a gente tem que banir e execrar publicamente qualquer pessoa que mostra a menor discordância, principalmente em relação a minorias [...] É uma intolerância, um linchamento virtual, a ideia de que você tem que linchar qualquer pessoa que discorda até mesmo de termos. Acho que fui um pouco vítima disso", disse à Rádio Jovem Pan.

Narloch ressaltou que seu comentário poderia ter sido mais preciso e afirmou defender a doação de sangue por homossexuais.

"Eu já tinha falado sobre isso na CNN em março e eu citei várias pesquisas, exatamente o que eu disse dessa vez, talvez de outra forma. Como comunicador eu preciso me preocupar não somente com o que eu digo, mas como as pessoas recebem. Eu falei que as pessoas não precisam se preocupar que vai ter sangue contaminado, sangue com HIV, porque continua existindo o critério que restringe comportamento de risco, mas eu usei o termo promíscuo. Gays ou héteros que transam sem camisinha com vários parceiros vão continuar sem poder doar sangue. Foi isso que eu tentei dizer, devia ter dito de uma forma mais clara, mas estava óbvio", explicou.

O comentarista também falou sobre o jornalismo atual e fez críticas à televisão brasileira, citando William Bonner.

"Cada vez mais a gente precisa ser meio óbvio e falar que está a favor, que está defendendo. Eu vejo muito isso em todos os canais de televisão. Parece que as pessoas estão pagando pedágio. Eu não gosto muito desse jornalismo lição de moral. O William Bonner é meio assim. Sempre que vejo o Jornal Nacional eu me sinto uma pessoa meio ruim e que ele está querendo me fazer uma pessoa melhor. Se eu quiser me tornar uma pessoa melhor eu vou para a igreja, eu vou fazer terapia", complementou.

Elogio de Bolsonaro

Narloch foi citado nas redes sociais pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na ocasião, Bolsonaro publicou que jornalistas com "opinião própria e independência" são considerados "nocivos" em uma mídia dominada pelo "pensamento da esquerda radical".

Sobre o elogio, o jornalista disse ter gostado da mensagem, porém pontuou que sempre fez críticas ao presidente.

"Na CNN eu critiquei muito mais ele do que apoiei, mas achei o texto bem escrito. Existe sim essa homogeneidade de esquerda em todas as redações que trabalhei. Acho que existe dos chefes um esforço para que se tenha um equilíbrio, uma diversidade de vozes, diversidade ideológica. O problema é o baixo clero, os jornalistas iniciantes. A questão não é somente ser de esquerda, mas é não conhecer argumentos liberais. A estupidez não é monopólio de um lado ou de outro", finalizou.