José Paulo de Andrade, da Rádio Bandeirantes, morre de covid-19
O apresentador José Paulo de Andrade morreu na madrugada de hoje aos 78 anos, de covid-19, informou a Rádio Bandeirantes. Ele estava internado no Albert Einstein desde o dia 7 de julho e tinha sido diagnosticado com o novo coronavírus. Há pelo menos dois anos, o radialista enfrentava um enfisema pulmonar.
José Paulo de Andrade virou um ícone da rádio paulistana com a apresentação do programa "O Pulo do Gato" desde 1973. Em mais de 50 anos na Rádio Bandeirantes, esteve à frente de diversos programas, como o Jornal de São Paulo e Entrevista Coletiva.
Nos últimos dias, o apresentador estava afastado para o tratamento da doença. Thays Freitas, que trabalhava ao lado de José Paulo no Jornal Gente, revelou há dez dias o diagnóstico de covid-19 ao responder ouvintes que a questionavam sobre a ausência do colega.
O Grupo Bandeirantes divulgou nota de pesar pela morte do radialista.
"O Grupo Bandeirantes de Comunicação informa, com profundo pesar, a morte do jornalista, radialista e bacharel em Direito formado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, José Paulo de Andrade, ao mesmo tempo em que se solidariza com familiares, amigos e colegas de trabalho enlutados", diz o comunicado. "Com 57 anos de Rádio Bandeirantes, José Paulo de Andrade deixará um legado indiscutível, um vazio enorme e muitas saudades."
Amor pelo rádio
Apesar de ter a carreira construída em grande parte na Rádio Bandeirantes, José Paulo de Andrade também fez aparições constantes na TV Bandeirantes, principalmente em debates eleitorais e como comentarista em programas sobre política. Mas a sua paixão sempre foi a rádio.
Nascido em São Paulo, começou sua carreira profissional em 1960 como radioescuta do plantão esportivo da Rádio América de São Paulo. Em 1963, ingressou na Rádio Bandeirantes para atuar como locutor esportivo, função que desempenhou durante 14 anos. Depois, foi para o departamento de jornalismo, e atuou como apresentador e comentarista.
O rádio é responsabilidade social. É uma questão de temperamento, não consigo ficar quieto. Por isso jamais seria político. Acho que a voz é impressão digital da alma. Através da voz você conhece a pessoa (...) você percebe na voz se a pessoa está mentindo
José Paulo de Andrade, em 2018
Em entrevista em 2018, ele falou sobre a importância do "Pulo do Gato" em sua carreira. "Eu sempre digo que nesses 45 anos (em 2018) viramos até livro. O que mudou não fomos nós foi o ouvinte. A diferença que eu sempre registro é essa, o ouvinte era um, eram anos de ditadura. Quando surgiu o 'Pulo do Gato', o presidente era o Médici. Era um perigo danado qualquer opinião que você transmitisse poderia ser mal interpretada", disse.
Na mesma entrevista, em 2018, ele também falou sobre problemas de saúde. "O fato de eu ter fumado me cobra juro altíssimo. Fumei muito, tive um infarto e corajosamente parei de fumar, mas aí já era tarde, já tinha sequela do enfisema pulmonar que é a tal da dpoc, que me limita hoje. Eu tenho tido muitas limitações, principalmente de locomoção".
Comoção
A notícia da morte gerou grande comoção em colegas e amigos de José Paulo de Andrade. Eduardo Barão chorou no ar ao comentar sobre o amigo na rádio BandNews,
"Sempre estava disposto. Sempre foi muito generoso com as pessoas, dava espaço para os mais jovens. O Zé sempre teve uma opinião muito forte, sempre bateu de frente, inclusive na ditadura, enfrentando poderosos. É muito triste. Ontem, quando me ligaram dizendo que ele não estava bem eu fiquei muito chateado e agora essa notícia que infelizmente nos deixa muito tristes. O Zé é o rádio. Mais uma vítima dessa terrível doença", disse.
Já Luiz Megale, outro colega de José Paulo de Andrade na rádio, disse que o amigo é o maior nome da história do rádio brasileiro. "A covid-19 levou o nosso Zé Paulo", lamentou.
No Twitter, Milton Neves disse que o jornalismo vive um dia de luto.
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