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Apresentador Matheus Ribeiro relata homofobia em lanchonete de Brasília

O apresentador Matheus Ribeiro e o namorado, o capitão PM Yuri Piazzarollo - Reprodução/Arquivo pessoal
O apresentador Matheus Ribeiro e o namorado, o capitão PM Yuri Piazzarollo Imagem: Reprodução/Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

16/08/2020 22h05Atualizada em 17/08/2020 08h27

Matheus Ribeiro, apresentador e editor-chefe do DF Record, telejornal local de Brasília, relatou hoje em seu Twitter ter sofrido homofobia em uma lanchonete da capital federal.

Segundo o jornalista, ele estava abraçado com o seu noivo, o capitão da PM Yuri Piazzarollo, próximo ao balcão do restaurante, quando notou que um grupo em uma das mesas fazia comentários homofóbicos sobre o casal.

"Um senhor careca começou a dizer coisas do tipo 'que nojo esses viados se pegando", 'esse mundo tá perdido', 'não existe mais homem de verdade'."

Apesar dos insultos, Matheus diz ter mantido a calma e respondido ao grupo apenas quando eles já estavam saindo do restaurante.

"Quando o trio se levantou, chamei a atenção do puxador das falas criminosas: 'Hey, senhor! Boa noite!' seguido, claro, de um beijo na boca do meu noivo."

Ex-funcionário da Globo, Matheus Ribeiro tem 26 anos e foi o primeiro apresentador assumidamente gay a assumir a bancada do "Jornal Nacional" durante o rodízio do noticiário que aconteceu no ano passado.

Veja o relato completo do jornalista:

Cheguei há pouco numa lanchonete, junto com Yuri. Estávamos abraçados, fizemos nosso pedido e eu fui para a mesa, enquanto ele esperava no balcão.

Na mesa da frente, três tristes exemplos do que ainda há de pior nesse mundo: gente ignorante e preconceituosa.

Um senhor careca começou a dizer coisas do tipo "que nojo esses viados se pegando", "esse mundo tá perdido", "não existe mais homem de verdade".

Pareceu-me até um lamento, talvez por não ter encontrado um companheiro à altura daquilo que busca, tamanho o incômodo.

A 2ª pessoa, uma mulher loira, ria meio desconfiada, talvez temendo uma reação. Colocava a todo momento o guardanapo sobre a boca cheia de coxinha gordurosa. Olhava para mim, falava algo, mastigava mais um pouco

O terceiro sujeito, de cabelinho enrolado, estava bem de frente a mim. Parecia menos contaminado pelo teor homofóbico do papo, mas estimulava a conversa, nessa altura já percebendo que eu estava ouvindo.

Foram uns 3, 4 minutos. Tempo suficiente para que minha cabeça fervesse. Nunca tinha passado por uma idiotice dessas. Mas já devia saber que era questão de tempo. Levantei-me, fui até o balcão e abracei novamente o Yuri. Não cheguei até aqui pra ficar de cabeça baixa.

Pegamos o lanche, nos sentamos e contei a ele, que só quis me acalmar. O café estava quente e eu, fervendo. A ponto de querer tirar satisfação. Mas Yuri me convenceu a ficar quieto. Quando o trio se levantou, chamei a atenção do puxador das falas criminosas:

"Hey, senhor! Boa noite!"

Seguido, claro, de um beijo na boca do meu noivo. Fiz um registro da mesa. Minha responsabilidade jurídica me faz borrar os rostos.