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Gloria Estefan diz que se tornou persona non grata em Cuba, seu país natal

Gloria Estefan no Conversa com Bial - Reprodução/vídeo
Gloria Estefan no Conversa com Bial Imagem: Reprodução/vídeo

Colaboração para o UOL

08/10/2020 02h24

Direto de sua casa em Miami, Gloria Estefan, a Rainha da Música Latina, revelou que não visita mais o seu país natal, Cuba, porque se tornou uma "persona non grata" por lá por expressar a sua opinião política. Segundo ela, seria perigoso retornar.

"Sempre fui muito aberta e honesta que não concordava com o governo de Fidel Castro. Minha família perdeu tudo e meu pai foi prisioneiro político. Eu não acredito nos ditadores", disse a cantora no "Conversa com Bial" desta madrugada. "Quando comecei a ficar famosa e a dizer essas coisas, me tornei persona non grata em Cuba. Então, seria perigoso ir para lá.", completou.

Quando Gloria tinha dois anos, sua família teve que se mudar para Miami, EUA, após o triunfo da Revolução Cubana, em 1959, pois seu pai era guarda-costas de Fulgencio Batista, ditador deposto por Fidel.

"Eu também não era a favor de Batista, embora meu pai fosse policial e meu avô fosse comandante do governo de Batista, mas ele tomou o poder. Eu acho que não está certo ninguém tomar o poder assim.", afirmou ela a Pedro Bial.

A cantora também contou que voltou a Cuba apenas uma única vez, no ano de 1979, quando ajudou a levar o cunhado e a sua família para os Estados Unidos.

Homenagem ao Brasil

Recentemente, a dona dos hits "Rhythm Is Gonna Get You", "Don't Wanna Loose You" e "Get Your Feet", lançou um álbum tributo ao nosso país, o "Brazil305", em que canta os próprios clássicos em versões de samba e bossa-nova. No trabalho, ainda há um cover de "O Homem Falou", de Gonzaguinha, e participação de Carlinhos Brown em duas faixas.

"A ideia do disco era mostrar a base que temos em Cuba e no Brasil, a base africana, e que a minha música poderia funcionar muito bem com os ritmos do Brasil.", disse a diva, que é fã de Sérgio Mendes e grande conhecedora da música brasileira.

"O título é uma homenagem ao disco 'Brasil 66' [de Sérgio Mendes], e também uma referência ao código postal de Miami, onde vivem muitos brasileiros e cubanos", explicou.

Conselho veterano

Aos 63 anos de idade, sendo 43 de carreira e com mais de 100 milhões de discos vendidos no mundo todo, além de possuir três Grammys, Gloria deu dois conselhos aos jovens artistas brasileiros que querem ter uma carreira tão longeva quanto a dela.

O primeiro: "Procurem a própria paixão e tenham clareza sobre o que querem compartilhar. Há muitas formas de conseguir sem precisar de uma gravadora, mas, por outro lado, o trabalho não chega a tantas pessoas. Mas vocês devem se dedicar à arte porque a sentem, e não simplesmente para fazer sucesso ou ganhar dinheiro".

O segundo: "Estudem, eduquem-se e tenham um emprego preparado. Tenham algo com que possam ganhar a vida e que possam fazer música em paralelo. Se der certo, saia por ai e divulgue a sua música. Mas, no momento ser músico é uma das profissões mais difíceis de ganhar a vida, então, se não funcionar, vocês terão algo para poder comer e sobreviver".

O "Conversa com o Bial" vai ao ar de segunda à sexta-feira após o Jornal da Globo.