Antonio Fagundes: 'Não tenho pena de quem aceita trabalhar neste governo'
Antonio Fagundes disse não ter pena, mas "um pouco de raiva" de quem aceita trabalhar no governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Para o ator, a única proposta da Secretaria Especial de Cultura em quase dois anos "é a de acabar com a Cultura". Mário Frias é o atual chefe da pasta, que também já foi comandada por Regina Duarte.
"Tenho pena de atores que aceitam esse tipo de coisa. Eles não têm a menor noção de como funciona aquilo ali. Não é uma novela, é um circo com regras próprias. E dependendo do governo, as regras são mais loucas ainda. Agora, não tenho pena não de quem aceita trabalhar neste governo atual. Tenho até um pouco de raiva", admitiu o ator, de 71 anos, em entrevista à coluna de Sonia Racy, no jornal O Estado de S. Paulo
Questionado se alguma medida o deixou especialmente inconformado, Fagundes disse que acredita ser o "conjunto", algo que para ele já vinha acontecendo antes da pandemia do novo coronavírus e que "se exacerbou" agora.
"Começaram a fazer uma campanha de que os artistas mamavam nas tetas do governo. Você já percebia aí uma coisa de mau-caratismo. Eles eram contra a Lei Rouanet. Todo o patrimônio histórico brasileiro está sendo dilapidado, as sinfônicas não estão podendo sobreviver, calaram os circos. E espere: vão destruir também o cinema", afirma.
"Como todo mundo que tem um pouco de consciência", Fagundes disse estar preocupado com a pandemia, mas confessou que tem mais medo de passar o vírus e ser o responsável pela morte de alguém do que teme por si próprio.
Na entrevista, Fagundes lembrou ainda seu trabalho em "Mundo da Lua" — ele nunca havia feito nada voltado para o público infantil até então. Na série, o ator vive Rogério, pai do protagonista Lucas Silva e Silva (Luciano Amaral).
"Estava restrito ali a TV Cultura, mas acabou adquirindo uma dimensão monstruosa e é reprisado duas vezes por ano, há mais de 20 anos, na mesma emissora. Criou fidelidade com as crianças hoje já crescidas que por sua vez mostram a obra para os filhos. É muito bonitinha a trajetória de o Mundo da Lua", diz.
Fim do contrato com a Globo e Pantanal
O ator também falou sobre o fim de seu contrato contínuo com a Globo, depois de 44 anos. Questionado sobre como encarou a situação, ele diz acreditar que atualmente o contrato por obra encenada é benéfico para o ator e a empresa considerando o aspecto da liberdade.
"Estive trabalhando na TV Globo nos últimos 44 anos, recebi um milhão de convites para fazer coisas e eu não pude aceitar porque estava preso contratualmente à emissora. O fim do meu contrato é consequência de uma mudança operacional da empresa e não vejo isso como um problema não", analisa.
Sobre o convite para "Pantanal," ele esclareceu que, apesar de ter ficado muito feliz, tudo ainda depende de negociações com a emissora. Para ele, a novela "precisa ser feita urgentemente". O bioma é atingido por grandes incêndios.
"Temos que mostrar o Pantanal ao Brasil de novo. Fora isso, trata-se de uma grande novela, uma história com personagens muito fortes, bonitos, enraizados no nosso folclore, na nossa vida rural, de uma forma brilhante que o Benedito sempre consegue aprofundar. Então, tem tudo de bom", diz.
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