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Antonio Fagundes: 'Não tenho pena de quem aceita trabalhar neste governo'

Antonio Fagundes: "Não tenho pena não de quem aceita trabalhar neste governo atual" - Reprodução/Instagram
Antonio Fagundes: 'Não tenho pena não de quem aceita trabalhar neste governo atual' Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

12/10/2020 11h45

Antonio Fagundes disse não ter pena, mas "um pouco de raiva" de quem aceita trabalhar no governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Para o ator, a única proposta da Secretaria Especial de Cultura em quase dois anos "é a de acabar com a Cultura". Mário Frias é o atual chefe da pasta, que também já foi comandada por Regina Duarte.

"Tenho pena de atores que aceitam esse tipo de coisa. Eles não têm a menor noção de como funciona aquilo ali. Não é uma novela, é um circo com regras próprias. E dependendo do governo, as regras são mais loucas ainda. Agora, não tenho pena não de quem aceita trabalhar neste governo atual. Tenho até um pouco de raiva", admitiu o ator, de 71 anos, em entrevista à coluna de Sonia Racy, no jornal O Estado de S. Paulo

Questionado se alguma medida o deixou especialmente inconformado, Fagundes disse que acredita ser o "conjunto", algo que para ele já vinha acontecendo antes da pandemia do novo coronavírus e que "se exacerbou" agora.

"Começaram a fazer uma campanha de que os artistas mamavam nas tetas do governo. Você já percebia aí uma coisa de mau-caratismo. Eles eram contra a Lei Rouanet. Todo o patrimônio histórico brasileiro está sendo dilapidado, as sinfônicas não estão podendo sobreviver, calaram os circos. E espere: vão destruir também o cinema", afirma.

"Como todo mundo que tem um pouco de consciência", Fagundes disse estar preocupado com a pandemia, mas confessou que tem mais medo de passar o vírus e ser o responsável pela morte de alguém do que teme por si próprio.

Na entrevista, Fagundes lembrou ainda seu trabalho em "Mundo da Lua" — ele nunca havia feito nada voltado para o público infantil até então. Na série, o ator vive Rogério, pai do protagonista Lucas Silva e Silva (Luciano Amaral).

"Estava restrito ali a TV Cultura, mas acabou adquirindo uma dimensão monstruosa e é reprisado duas vezes por ano, há mais de 20 anos, na mesma emissora. Criou fidelidade com as crianças hoje já crescidas que por sua vez mostram a obra para os filhos. É muito bonitinha a trajetória de o Mundo da Lua", diz.

Fim do contrato com a Globo e Pantanal

O ator também falou sobre o fim de seu contrato contínuo com a Globo, depois de 44 anos. Questionado sobre como encarou a situação, ele diz acreditar que atualmente o contrato por obra encenada é benéfico para o ator e a empresa considerando o aspecto da liberdade.

"Estive trabalhando na TV Globo nos últimos 44 anos, recebi um milhão de convites para fazer coisas e eu não pude aceitar porque estava preso contratualmente à emissora. O fim do meu contrato é consequência de uma mudança operacional da empresa e não vejo isso como um problema não", analisa.

Sobre o convite para "Pantanal," ele esclareceu que, apesar de ter ficado muito feliz, tudo ainda depende de negociações com a emissora. Para ele, a novela "precisa ser feita urgentemente". O bioma é atingido por grandes incêndios.

"Temos que mostrar o Pantanal ao Brasil de novo. Fora isso, trata-se de uma grande novela, uma história com personagens muito fortes, bonitos, enraizados no nosso folclore, na nossa vida rural, de uma forma brilhante que o Benedito sempre consegue aprofundar. Então, tem tudo de bom", diz.