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Martinho da Vila quer ser referência para negros até depois da morte

Martinho da Vila afirmou que não pensa "no que é", apenas "faz as coisas"  - Divulgação
Martinho da Vila afirmou que não pensa "no que é", apenas "faz as coisas" Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

20/11/2020 09h04Atualizada em 20/11/2020 09h07

O cantor Martinho da Vila contou que um dos seus projetos de vida é continuar sendo importante na vida da população negra e de origem humilde mesmo após sua morte.

Negro, Martinho é um dos nomes mais importantes do samba do Brasil e, mesmo assim, ele afirma que "quer fazer coisas" para pessoas iguais a ele.

"Uma coisa que eu penso sempre é em fazer coisas para que eu seja uma referência para pessoas da minha origem. Negros, favelados, que tiveram origem humilde. Eu quero ser a referência para essas pessoas, no sentido de 'ele passou? Conseguiu? Então também posso'", contou em entrevista à Quem.

Aos 82 anos, o cantor quer que sua obra continue inspirando pessoas mesmo quando ele não estiver mais no plano terrestre.

"Meu projeto maior é continuar sendo referência quando eu descansar. É um sonho de vida ambicioso, né?", completou.

Mas Martinho rebate a ideia de que ele faz as suas produções pensando no que vai gerar na sua figura. Segundo ele, ele apenas faz.

"Eu não fico pensando no que sou, fui, no que serei. Só fico pensando em fazer coisas. Ainda não sei o que é, mas vou fazer muita coisa porque a vida continua", afirmou.

O cantor, contudo, reconhece papel importante ao "aproximar Brasil de África" em sus músicas que vão desde referências culturais e religiosas.

Em 1998, por exemplo, ele viajou à Angola, um dos cinco países — Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe — que têm a língua portuguesa como idioma oficial no continente.

"Eu aproximei o Brasil da África, trouxe africanos para o Brasil, e sua cultura. Gravei música de lá e coloquei no ar, levei gente daqui para lá. Isso é uma das coisas boas", comemorou.