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Cinco vezes em que o 'Jornal Nacional' rebateu Bolsonaro

Renata Vasconcellos e William Bonner - Divulgação/Globo
Renata Vasconcellos e William Bonner Imagem: Divulgação/Globo

Mari Monts

Do UOL, em São Paulo

07/01/2021 04h00

O ano mal começou e já temos um banquete de William Bonner. O âncora do "Jornal Nacional" rebateu o pronunciamento de Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o Brasil estar "quebrado" e que a mídia brasileira está "potencializando" o coronavírus.

Como dizem nas redes sociais, foi a "jantada" nacional.

Os números oficiais das secretarias estaduais de Saúde mostram que o vírus a que se refere o presidente Jair Bolsonaro está se espalhando a taxas maiores desde dezembro. Esse vírus contaminou quase 8 milhões de pessoas no país todo e levou luto às famílias e aos amigos de mais de 197 mil 'cidadões'... ou cidadãos... brasileiros.

Sentiu ali uma possível ironia no "cidadões"? Muita gente achou isso. Essa é uma entre várias vezes que o "Jornal Nacional" criticou as posturas e falas do presidente. Vamos relembrar algumas delas:

Números da covid

Quando as atualizações da covid-19 passaram a ser publicadas mais tarde pelo governo, às 22h e não 17h, Bolsonaro defendeu a nova medida para "não atender a Globo" e ainda disse que "acabou matéria no 'Jornal Nacional'".

Durante o JN, Bonner leu o comunicado oficial da Globo em resposta à decisão do governo: "Os espectadores da Globo podem ter certeza de uma coisa: serão informados sobre os números tão logo sejam anunciados porque o jornalismo corre sempre para atender ao seu público".

Informação infundada

Em julho, quando Bolsonaro divulgou que havia testado positivo para a covid, o presidente disse que os jovens teriam riscos mais baixos caso contraíssem o vírus. Renata Vasconcellos rebateu essa informação no ar: "A declaração do presidente Bolsonaro vai em sentido contrário ao que dizem várias pesquisas internacionais".

"O presidente cumpriu esse dever?"

Em 8 agosto de 2020, quando o Brasil ultrapassou 100 mil mortos pela covid-19, Bonner foi afiado contra Bolsonaro e fez um longo discurso.

Primeiro, o presidente menosprezou a covid. Chamou de 'gripezinha'. Depois, quando um repórter pediu que ele falasse sobre o número alto de mortes, Bolsonaro disse que não era coveiro. Disse duas vezes: 'não sou coveiro'. Quando os óbitos chegaram a 5 mil, a resposta dele a um repórter foi: 'E daí?' Agora o presidente repete que a pandemia é uma chuva e que todos vão se molhar. Ou que a morte é o destino de todos nós e que temos que enfrentar. Como se fosse uma questão de coragem, como se nada pudesse ter sido feito.

Renata Vasconcellos complementou questionando se o presidente cumpriu o que diz a Constituição: "Nós já mostramos o que diz o artigo 196: é dever das autoridades que governam o país implementar políticas que visem a reduzir riscos de doenças. E a pergunta que se impõe é: o presidente da República cumpriu esse dever?".

"Política acima da ciência"

Em novembro, quando a Anvisa decidiu suspender os testes da Coronavac, o JN foi novamente crítico em relação à postura do presidente.

"O anúncio da suspensão dos testes da Coronavac, uma das vacinas contra a covid, acabou provocando indignação com a politização evidente do assunto pelo presidente Jair Bolsonaro", disse Renata Vasconcellos

A jornalista mencionou que não foi a primeira vez que o presidente atacou a vacina desenvolvida em São Paulo: "E também não foi a primeira vez que o presidente colocou os interesses políticos acima da ciência".