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Paulo Vilhena diz que reassistir 'Império' é gatilho: 'É difícil lidar'

Paulo Vilhena em cena de "Império", exibida originalmente em 2014 - Reprodução/Instagram
Paulo Vilhena em cena de "Império", exibida originalmente em 2014 Imagem: Reprodução/Instagram

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/05/2021 07h58Atualizada em 03/05/2021 08h00

Paulo Vilhena relembrou seu trabalho na novela "Império", atualmente em reexibição na faixa das 21h da Globo, e afirmou que rever a trama desperta gatilhos em relação a mentalidade de Salvador, seu personagem na história criada por Aguinaldo Silva.

"Por Salvador estar envolvido com artes plásticas, eu e os diretores fomos criando uma metalinguagem para contar essa história: posicionamentos de câmeras, olhares marcantes... A experiência foi tão forte, que lido com as sequelas dessa entrega até hoje", disse ele em entrevista ao "Extra".

Em seguida, explicou: "Os trejeitos de Salvador, as cenas mais difíceis, como o assassinato da namorada dele... Essa gravação, especialmente, foi muito intensa. Teve até uma questão de não poder ir ao ar por completo porque a gente construiu, de fato, uma situação muito violenta, com requintes de crueldade. Salvador começa a ouvir as vozes que o impulsionam a assassinar a parceira com uma faca. É difícil para mim lidar com essas lembranças, me trazem uma memória física e psicológica bem dura", revelou, demonstrando emoção.

Por conta da intensidade do personagem, Paulo afirmou que ficou com um tique de Salvador que o acompanhou por um longo período. "Os movimentos repetitivos ficaram comigo durante um tempão. E, dependendo da situação em que estou, voltam com tudo. Se fico nervoso, me pego piscando bastante os olhos, como ele fazia".

O ator contou que a caracterização do personagem, com cabelo moicano e a cicatriz na cabeça foram sugestões suas para os responsáveis pela novela. "Eu quis expor a cicatriz que tenho na cabeça, resultante de uma cirurgia de implante capilar. Nunca tinha mostrado essa minha marca, nem a colocado numa função artística. Curioso é que ela está justamente na cabeça, onde a patologia do personagem se instala", notou.

Ele também ressaltou que interpretar Salvador, portador de esquizofrenia, exigiu um aprofundamento no tema que o marcou. "Eu precisei estudar para entender essa patologia desconhecida por mim e por tantos. É de uma complexidade enorme, tem vários níveis e manifestações", comentou.