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'Parei para me perguntar o que me faz feliz', diz Renata Vasconcellos

A âncora do "Jornal Nacional" refletiu sobre a vida profissional e pessoal em tempos de pandemia - Reprodução/Instagram
A âncora do "Jornal Nacional" refletiu sobre a vida profissional e pessoal em tempos de pandemia Imagem: Reprodução/Instagram

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

18/06/2021 20h26

Renata Vasconcellos, âncora do "Jornal Nacional", refletiu sobre a vida profissional e pessoal em tempos de pandemia. Em entrevista para a Cláudia, a jornalista afirmou que passou a questionar seus hábitos e costumes:

Foi uma chacoalhada tão grande em tantos aspectos da vida, acho que não tem como não passar sem nenhuma mudança. Eu me vi questionando muitas coisas que estavam no automático, me cobrando um consumo mais consciente. Eu me pergunto se realmente preciso comprar aquilo e qual o impacto no meio ambiente. Estamos percebendo que a aceleração do dia a dia, essa obrigação de cumprir tarefas, de tentar atender às expectativas dos outros para sermos perfeitas, não faz sentido. Por que tentamos cumprir com uma lista que nem fomos nós que criamos? Parei para me perguntar o que realmente me faz feliz. Renata Vasconcellos

Ao comentar sobre a atual rotina de trabalho, Renata contou que agora lida com mais plantões de final de semana e feriados e que, além da carga extra, tem a questão emocional de uma cobertura jornalística na pandemia.

"Tem o peso da situação, que é difícil, dramática. A gente pega força na responsabilidade do nosso trabalho. A proposta é justamente essa que você mencionou, de sermos um porto seguro em mares revoltos. Claro que tenho medo, dificuldade, apreensões, mas penso no meu propósito como jornalista", disse ela.

Questionada sobre os momentos em que se emocionou durante o "Jornal Nacional", a jornalista disse que se trata de uma questão de empatia.

"Me afeta visceralmente. Tenho muita empatia pelo próximo e vejo o sentimento das famílias desfeitas, o sofrimento. Com a pandemia, não tem só o vírus, mas a fome. Eu tento me segurar para que a informação seja passada, mas a emoção é inerente ao ser humano. E é bom sentir, se solidarizar, não só nos momentos agudos de tristeza, mas nas histórias de alegria que mostramos", afirmou.

A âncora comentou também o relacionamento com William Bonner, com quem compartilha a bancada: "O Bonner me perguntou uma vez: 'Você está cansada?'. Eu respondi: 'Sim, mas atenta e vigilante'. Tem muitas emoções juntas e eu reconheço todas elas. Ansiedade, insegurança, medo, desconsolo. Às vezes, acho que não vou conseguir, mas aí me concentro no momento".

Renata disse que, fora da pandemia, fazia terapia regularmente, mas que não se adaptou às sessões remotas e incentiva a procura por ajuda profissional.

"Acho importante dizer que todos estamos nos sentindo ansiosos, inseguros e tristes. Eu também sinto essa vulnerabilidade. Como sociedade, precisamos falar mais sobre isso, e entender que tudo bem pedir ajuda. Especialmente para as mulheres, que têm sido tão fortes, eu digo: vocês não estão sozinhas", declarou.

Para lidar com a rotina mais pesada, a jornalista afirmou que "se prioriza" e pratica meditação, yoga e exercícios de respiração.

"Gosto também de ler, de ficar em contato com a natureza, de ficar com o pé no chão, do silêncio. Gosto de ficar em casa, do simbolismo de ser um porto seguro, um ninho. Tento cultivar isso fazendo uma comida conforto, como um bolinho com café", contou.

Gosto muito da ideia de me cercar de beleza, um conceito que é tão plural e importante para o ser humano. A arte e a cultura são ferramentas lindas para a gente transcender, superar dificuldades, se emocionar, viver e sobreviver. Eu gosto do conceito de belo e penso que não devemos abrir mão dele. É uma riqueza que precisa ser cultivada. O belo, para mim, pode ser ter tempo para tomar café da manhã com calma, saborear, olhar a cerâmica bonita que estou usando e pensar no caminho que ela percorreu até ali. Renata Vasconcellos