Globo diz em editorial que governo Bolsonaro é negacionista e inconsequente
Em editorial lido hoje no final do "Jornal Nacional", a Rede Globo criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia, e a relacionou à marca atingida hoje de 500 mil mortos por covid-19.
"Hoje é evidente que foram muitos e muito graves os erros cometidos, e eles estão documentados por entrevistas, declarações, atitudes, manifestações", disse William Bonner.
"Em agosto do ano passado, quando o Brasil ultrapassou o registro escandaloso de 100 mil mortes pela covid, o Jornal Nacional se manifestou sobre essa tragédia num editorial. Parecia que o país tinha superado um limite inalcançável: 100 mil mortos."
O apresentador continuou: "Hoje, são 500 mil. Meio milhão de vidas brasileiras perdidas. O sentimento é de horror, e de uma solidariedade incondicional às famílias dessas vítimas. São milhões de cidadãos enlutados".
A aposta insistente e teimosa em remédios sem eficácia, o estímulo frequente a aglomerações, a postura negacionista e inconsequente de não usar máscaras. E o pior: a recusa em assinar contratos para a compra de vacinas a tempo de evitar ainda mais vítimas fatais.
O texto relembrou o editorial feito quando o país atingiu os 100 mil mortos: "Dissemos que era preciso apurar de quem é a culpa. Dissemos textualmente que esse momento chegaria. Desde o início de maio, o Senado está investigando responsabilidades. Haverá consequências, e a mais básica será a de ter levado ao povo brasileiro o conhecimento sobre como e por que se chegou até aqui".
"Quando todos nós olharmos para trás, quando nos perguntarem o que fizemos para ajudar a evitar essa tragédia, cada um de nós terá a sua resposta. A esmagadora maioria vai poder dizer, com honestidade e com orgulho, que fez de tudo: fez a sua parte e mais um pouco. Nós, do jornalismo da Globo, estamos há um ano e meio com base na ciência, cumprindo nosso dever de informar sem meias palavras."
O editorial também falou sobre os críticos: "Muitas vezes, nós pagamos um preço por isso. Com incompreensões de grupos que são minoritários, mas barulhentos. Não importa. Nós seguimos em frente, sem concessões. E seguiremos em frente, sem concessões. Porque tudo tem vários ângulos, e todos devem sempre ser acolhidos para a discussão".
Mas há exceções: quando estão em perigo coisas tão importantes como o direito à saúde, por exemplo. Ou o direito de viver numa democracia. Em casos assim, não há dois lados. E é esse o norte que o jornalismo da Globo continuará a seguir.
Confira o editorial completo:
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