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Morador de Itu chama prefeito de fanfarrão e repórter corta: 'Seu Roberto!'

Seu Roberto reclamou da falta d"água na cidade de Itu ao vivo na Globo - Reprodução/TV Globo
Seu Roberto reclamou da falta d'água na cidade de Itu ao vivo na Globo Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

19/07/2021 11h58Atualizada em 19/07/2021 15h07

Se Itu é a cidade em que tudo é grande, a falta de paciência também é! Seu Roberto, 70 anos, é morador da cidade e falou ao vivo com a jornalista Rita Batista no "Encontro com Fátima Bernardes" sobre a falta d'água em Itu, interior de São Paulo.

Roberto mostrou que a uma "bica" tradicional, a bica de Santa Terezinha que traz água natural e que os moradores do bairro com nome da santa estavam retirando baldes de lá. Antes, ele reclamou da privatização de um órgão público que atuava em Itu.

Ela começou em 1970. Tínhamos o SAAE [Serviço Autônomo de Água e Esgoto que tomava conta do abastecimento], mas venderam dizendo que não dava lucro. Mas deu aquela confusão toda, dois grupos que administram dizendo que vai fazer isso, aquilo... O SAAE voltou e montou uma empresa mista e privada.

A atual empresa que cuida do tratamento de água é a CIS (Companhia Ituana de Saneamento). Ela foi criada em 2017 através de uma lei de autoria do atual prefeito, Guilherme Gazzola (PL).

Rita pediu para o morador para que explicar a situação atual da cidade, em especial do bairro Vila Santa Terezinha.

Não tem uma torneira, e olha como está aqui [na bica]. O prefeito não faz nada e não consegue colocar uma torneira. Faz um mês que a coisa piorou.

Seu Roberto - Reprodução/TV Globo - Reprodução/TV Globo
Seu Roberto na bica de Santa Terezinha, em Itu
Imagem: Reprodução/TV Globo

A cidade instaurou um racionamento para os bairros. Segundo a CIS, os mananciais em Itu operam com cerca de 32% de capacidade e levou a companhia adotar o racionamento de água.

O déficit de chuva é considerado um dos piores dos últimos 91 anos e não está descartada a possibilidade de um racionamento mais amplo. Algumas regiões ficam um dia sim e um dia não, e em outras regiões da cidade, o abastecimento é interrompido às segundas e às quintas-feiras.

A CIS anunciou um novo rodízio de abastecimento para o dia de hoje, mantendo a região central no sistema de dia sim e dia não.

A repórter entrou na bica ao lado de Seu Roberto, que disse que a bica "era uma benção", mas que "o prefeito [Guilherme Gazzola (PL)] não bota nem uma torneira".

Rita, mais uma vez, cortou gentilmente o morador e explicou que a bica disponibiliza água potável gratuita.

Ao ser questionado se a água da bica poderia ser distribuída para toda a cidade, Seu Roberto "chutou o balde":

Olha, nem torneira para a população vir buscar eles colocam. Esse prefeito é um fanfarrão, é brincadeira esse homem...

Seu Roberto - Reprodução/TV Globo - Reprodução/TV Globo
Rita Batista percebeu falta de paciência de Seu Roberto no 'Encontro'
Imagem: Reprodução/TV Globo

Rita interrompeu a reclamação chamando por Seu Roberto e agradeceu a participação:

Seu Roberto! Olha, quero a gradecer muitíssimo a participação do senhor que tem que pegar sua água e ir para a casa.

O UOL procurou a prefeitura de Itu e a CIS para saber se há alguma proposta para a manutenção da bica de Santa Terezinha. A companhia respondeu que a manutenção é feita pela prefeitura através da Secretaria de Esportes — a prefeitura informou que "demandas referentes à questão do abastecimento de água" eram apenas com a CIS.

No entanto, apesar da vigilância da guarda municipal, o local também sofre com vandalismo e roubo de torneiras. Já o abastecimento da bica é de responsabilidade da CIS. O local é abastecido por um poço com água tratada pela autarquia.

A CIS disse que a estiagem deve perdurar até outubro e que é o pior cenário "dos últimos 91 anos e sem registro ou previsões de chuvas até o momento". Sobre as ações para amenizar a falta d'água, a empresa alegou que há obras para a construção de dois sistemas de captação que garantiria 50% da população abastecida mesmo em estiagem.

O restante é proveniente de mananciais que dependem da recarga da chuva. A frente de obras seguem de forma plena, mesmo durante o período de rodízio

Em 2014, a cidade ficou cerca de dez meses em meio à crise hídrica no estado de São Paulo. Moradores chegaram a protestar contra a companhia de água.

Na época, o racionamento foi feito através de um decreto municipal. No auge da crise, as represas baixaram ao nível de 2% da capacidade. Algumas regiões da cidade chegaram a ficar 20 dias sem água.