Paulo José ajudou a regulamentar a profissão de ator no Brasil
Não demorou para artistas, cineastas, diretores de TV e fãs de Paulo José se manifestarem nas redes sociais, lamentando a morte do ator e diretor aos 84 anos, noticiada hoje à noite. Considerado um dos maiores representantes das artes cênicas do Brasil, Paulo deixa uma obra inesquecível, com personagens que marcaram a história da dramaturgia no país, que ele ajudou a construir.
Em 2021, Paulo completava 60 anos da profissão que ele ajudou a regulamentar no país. Ele fez parte do projeto que, em 1978, formalizou o trabalho de ator no Brasil. No ano seguinte, ele se destacou ao criar o programa "Aplauso", que lutava pelo reconhecimento e pela valorização de profissionais como diretores de teatro e TV, autores e artistas.
Além da intensa participação política nos "bastidores da profissão", Paulo José marcou a história das artes brasileiras com impressionantes mais de 50 novelas e minisséries e 50 filmes como ator ou diretor no currículo. O último trabalho na TV foi em 2014, na novela "Em Família'', na TV Globo, no papel de Benjamin Machado. No cinema, atuou pela última vez em "Todos os Paulos do Mundo", como ele mesmo.
A coisa mais importante para compor um personagem é não se preocupar demais. A ideia da composição envolve muito estudo e pesquisa? Nada disso. O artista cria por intuição, ele tem uma antena
Paulo José, em entrevista ao projeto Memória Globo
Nascido em Lavras do Sul, no interior do Rio Grande do Sul, Paulo teve o primeiro contato com as artes ainda adolescente, em Porto Alegre. Na época, ele prestou vestibular para Medicina e Arquitetura, mas se apaixonou pelo teatro amador da capital gaúcha. Chegou em São Paulo ainda jovem, no início da década de 1960, e começou a trabalhar com o grupo Teatro de Arena.
Na companhia paulista, Paulo exerceu as funções de contrarregra, produtor e assistente de direção antes de estrear como ator. A primeira peça veio ainda em 1961, primeiro ano dele no grupo, ao lado de nomes como Milton Gonçalves e Nelson Xavier, em "Testamento de Cangaceiro", de Chico de Assis.
A trajetória no cinema começou pouco tempo depois, em 1965, no filme "O Padre e a Moça", dirigido por Joaquim Pedro de Andrade. Paulo então deu início a uma sequência de mais de 10 longas em três anos, sendo um dos principais nomes do chamado Cinema Novo. Foi nessa época que o ator ganhou destaque nos filmes "Macunaíma" e "Todas as Mulheres do Mundo".
A estreia na TV aconteceu em 1969, já na Globo, com uma participação no final da novela "Véu de Noiva", de Janete Clair. No anos seguintes, participou de produções como "Assim na Terra como no Céu" (1970),e "O Homem que Deve Morrer" (1971). O primeiro papel de sucesso viria em 1972.
Naquele ano, Paulo interpretou o mecânico-inventor Shazan na novela "O primeiro amor", de Walter Negrão. A dupla com Xerife, personagem de Flávio Migliaccio, fez tanto sucesso que rendeu uma série, Shazan, Xerife e Cia, escrita pelos dois parceiros.
A partir de então, Paulo se firmou como um dos maiores nomes do elenco da TV Globo. Na emissora, foram muitas novelas marcantes, entre elas "Tieta" (1989), "Araponga" (1990), "Vamp" (1991), "Agora é Que São Elas" (2003), "Senhora do Destino" (2004), "Um Só Coração" (2004) e "Caminho das Índias" (2009).
Nas telonas, foi premiado várias vezes ao longo das décadas de 1970 e 1980, pelos trabalhos em filmes como "O Rei da Noite" (1975),"Eles Não Usam Black Tie" (1981), "A difícil Viagem" (1983), e "O Mentiroso" (1988). Mais recentemente, foi elogiado pela crítica em uma atuação que foi classificada pela agência Reuters como "inesquecível" em "Quincas Berro D'água", de 2010.
Como diretor, Paulo se destacou no comando de algumas minisséries da década de 1990, como "Agosto", "Memorial de Maria Moura" e "Incidente em Antares", todas na TV Globo. Ao longo da carreira, ele ainda gravou alguns CDs recitando poesias que escrevia.
Paulo José foi casado quatro vezes e teve quatro filhos. Três deles são do relacionamento com a atriz Dina Sfat e um com a colega de profissão Beth Caruso, o também ator Paulo Caruso.
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