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'Nunca seremos perfeitas aos olhos da mídia', diz Karol Lannes

Karol Lannes repudia pressão estética - Reprodução/Instagram
Karol Lannes repudia pressão estética Imagem: Reprodução/Instagram

Colaboração para o UOL, em São Paulo

02/09/2021 08h19

A atriz Ana Karolina Lannes, de 21 anos, conhecida por interpretar Ágata, a filha rejeitada de Carminha (Adriana Esteves), em "Avenida Brasil" (TV Globo), em 2012, concedeu uma entrevista à revista Quem, e por lá, falou sobre carreira, preconceito, autoaceitação, gordofobia e padrões estéticos.

"Me sinto extremamente feliz em ser reconhecida pela Ágata até hoje porque foi um papel incrível, que mudou a minha carreira e sempre vou lembrar dele. Mas muitas pessoas também lembram de mim como a Marcelina, do filme 'Minha mãe é uma peça', e de outros papéis. Um papel sempre acaba se destacando mais que outro", disse ela.

Karol ainda revelou que está prestes a fazer uma série, mas não entrou em muitos detalhes:

"Não posso adiantar nada ainda, mas a produção está sendo rodada em São Paulo. Só isso que posso dizer".

Ela, que é filha do diretor comercial Fabio Lopes e do dermatologista João Paulo Junqueira, relembrou os preconceitos que sofreu na infância por ser criada por um casal homossexual:

"Sofri mais quando era criança. Hoje em dia as coisas estão tranquilas. O importante é a gente normalizar as famílias, as coisas não precisam ter um tabu em volta. É óbvio que ter uma família diferente causou um estranhamento [no passado], mas, hoje em dia, lido muito bem com isso", afirmou ela. Karol também é gay.

Karol sempre contou com o suporte emocional dos pais (ela perdeu a mãe na infância) para tudo, especialmente no processo de construção de sua autoimagem.

A jovem atriz defende o "body positivity", que prega a aceitação dos mais diferentes tipos de corpos. Apesar de se sentir segura com seu corpo, ela confessou que não é todos os dias que se acha linda:

"Tem dias em que estou 'de mal' [com o corpo] e dias que estou melhor. Tem TPM, menstruação... Na minha opinião, estar segura é saber que quem mora dentro desse corpo não muda - independentemente se ele está mais gordo, mais magro, mais azul, mais bege, mais vinho. É aceitar que essa pessoa não depende de um corpo para ser boa e ter uma vida feliz. E sempre cuidar da minha saúde".

Além disso, a artista contou que já sofreu muita pressão estética da mídia para se encaixar nos padrões da sociedade:

"Todo mundo sofre essa pressão estética, todas nós mulheres sofremos. Nós nunca seremos perfeitas aos olhos da mídia porque, se isso acontecer, nós paramos de consumir o 'que nos deixa mais próximas do padrão perfeito'. Se pararmos de consumir, a indústria para de girar e explode tudo porque se estivermos satisfeitas, ela não ganha dinheiro. Existe a gordofobia, o racismo, os diferentes tipos de preconceito dentro dessa pressão estética que todas nós mulheres sofremos", lamentou ela, que soma cerca de 307 mil seguidores no Instagram, e se sente realizada por inspirar outras mulheres a se aceitarem como são, sem filtros ou retoques em fotos:

"Sou extremamente feliz por poder tornar o meu processo [de autoaceitação] uma inspiração para o processo de outras mulheres. Eu jamais quero ditar alguma coisa, falar: 'olha você tem que ser assim, falar assim'. Não! Essa questão de inspirar é isso. Você tem o seu processo, eu tenho o meu e se alguma coisa do meu processo puder te ajudar no seu processo, que bacana".

Karol lamenta que as pessoas julguem um pensamento pelo peso ou imagem:

"Muitas pessoas acreditam que a gente prega que você seja gordo ou que tenha estrias ou que não faça exercício físico. Pelo contrário! A positividade corporal e o corpo livre pregam que a pessoa se aceite, independentemente de ser gorda, magra, alta, baixa, negra, branca, com seio, sem seio, sem uma perna. Nesse movimento, claro, tenho o meu lugar de fala como pessoa gorda. E outra: 'posso estar gorda hoje e amanhã posso estar mais magra'. Vou continuar pregando que temos que nos amar do jeito que somos, com estrias, celulites. É sobre o corpo em geral e isso é muito importante para mim", destacou ela.

"Muita gente fala: 'que coragem, queria ter sua autoestima' [quando ela posta foto de biquíni]. E, muitas vezes, isso é pesado. O corpo tinha que ser normalizado. É só uma pessoa postando foto. Por que não falam: 'que pessoa bonita, que sorriso legal, que roupa bonita?'. Por que não fazem um comentário mais normal? Mas acredito que isso vai ser conquistado. A sociedade deveria influenciar as redes sociais e não o contrário. Nós que deveríamos ditar regras para as redes sociais. Sem falar que, muitas vezes, temos pensamentos fechados. Temos que melhorar isso para que possamos aí, sim, comandar nossas mídias e redes sociais para que todas nós nos sintamos representadas sempre", finalizou.