Astronauta no 'Masked Singer', Loroza se emociona ao cobrar igualdade
O cantor e ator Sérgio Loroza fez um discurso forte e reflexivo hoje no "Encontro com Fátima Bernardes" ao falar sobre a fantasia usada no reality "The Masked Singer".
Eliminado ontem ao ser desmascarado, Loroza disse que era um "afronauta" — em razão da sua música nova com este mesmo nome — e se emocionou ao cobrar igualdade no Brasil.
Historicamente, o país escravizou pessoas negras por mais de 300 anos e não fez nenhum tipo de reparação ou inserção da população negra após a abolição. Os reflexos são vistos até hoje, como o risco de morrer de covid-19 significativamente maior para homens negros e mulheres brancas e negras do que para homens brancos, de acordo com um grupo de pesquisadores que analisou estatísticas oficiais sobre brasileiros mortos no ano passado.
Graças ao 'The Masked Singer', sou o 'afronauta'. Caiu no meu colo junto com a arte essa 'responsa'. Sempre quis chegar no palco e dizer 'ser ou não ser', mas veio também a 'responsa' social, não posso decepcionar essa galera. Quando falamos 'é nóis', é 'vem com nóis'. Até quem não é nóis, pode ser nóis quando se junta a nossa guerra. Precisamos de um mundo mais legal, depois da pandemia temos que escolher o tipo de sociedade que a gente quer. Precisamos de um pouquinho mais, 56%, para ter representatividade. Sérgio Loroza
Ontem, Loroza cantou a música "Gueto" de Iza, cantora pop negra.
Ele lembrou da interseccionalidade, termo estudado pela socióloga Patricia Hill Collins que analisa como as relações de poder atravessam gênero, raça, cor e classe de maneira unificada.
O cantor afirmou que uma igualdade deve passar pelas pautas sociais e de forma que as pessoas sejam aliadas uma das outras, como no caso do antirracismo.
Equidade é a palavra, é o que há de se fazer pelo bem da humanidade. Ao mesmo tempo que estou na minha luta como negro, tenho que estar ao lado da mulher, do LGBTQIA+, de quem está vulnerável na sociedade. Quem tá mal, precisa de mais atenção, o momento é esse. Essa parada plebiscitária que estamos vivendo, uma coisa ou outra, tem muitas milhões de coisas. Mas tem hora que é um segundo turno e você tem que escolher e fico feliz de estar ao lado de Sidney Magal, de Sandra de Sá. É entretenimento que quando está recheado de boa coisa, a gente atinge o coração das pessoas. Por isso foi legal cantar 'Gueto' da IZA. Viva o gueto. Sérgio Loroza
Loroza também apontou para o risco de uma representatividade vazia e que não traga mudança social para a comunidade negra.
Ele ainda rebateu quem insiste em dizer que não existe racismo porque "somos todos iguais", frase que ignora o passado da escravatura e as desigualdades sociais do Brasil refletidas em dados de desemprego, economia e acesso à educação.
Existe a grande armadilha do ego: às vezes, quando ocupa um lugar de poder, temos a tentação de se achar a última bolacha do pacote. Meu desejo não é esse, meu desejo é ir em lugares de poderes e ver mais meus pares. Por ser artista, vejo muito pouco os nossos nos lugares. Não dá mais para fingir que não vemos mais. Tem o discurso de que somos todos iguais, para com isso. Mas não fomos nós que criamos o apartheid. A gente quer esse acesso lá em cima para inspirar que está lá em baixo, para quem está a fim de revolucionar. Sérgio Loroza
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