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Homem agride cinegrafista da GloboNews; PM não levou agressor a delegacia

Nas redes sociais, o repórter cinematográfico compartilhou uma imagem da PM conversando com o agressor - Reprodução/Redes Sociais
Nas redes sociais, o repórter cinematográfico compartilhou uma imagem da PM conversando com o agressor Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Mariana Durães

Do UOL, em São Paulo

12/10/2021 21h38Atualizada em 13/10/2021 17h12

Um professor de escola pública agrediu hoje o repórter cinematográfico Leandro Matozo, profissional da GloboNews, em frente ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, na cidade de Aparecida, interior de São Paulo. Matozo e o jornalista Victor Ferreira, que cobriam as comemorações do dia da padroeira do Brasil, se preparavam para entrar ao vivo no canal.

O agressor se aproximou e ofendeu a equipe com xingamentos. Ele teria dito: "se eu pudesse, matava vocês". Em seguida, deu uma cabeçada no rosto de Matozo. O cinegrafista teve sangramento no nariz.

De acordo com o SJSP (Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo), o agressor se chama Gustavo Milsoni. Ele é professor da Escola Estadual Cid Boucault, em Mogi das Cruzes (SP) e apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O repórter Victor Ferreira fez um relato do que aconteceu em seu perfil no Twitter. Ele afirmou que hoje "deveria ser uma cobertura mais tranquila", até serem surpreendidos com as agressões.

Pelo Facebook, Matozo também narrou o caso e lamentou a situação na qual foi vítima. O profissional também ressaltou que a liberdade de imprensa é "essencial para o progresso desse país". Segundo ele, medidas judiciais "já estão em andamento".

Por email, o UOL procurou a emissora, que lamentou o caso. Por meio de nota, informou que está "tomando as providências legais" para apoiar o profissional, considerado "exemplar", e que segue um "protocolo para garantir a segurança de seus jornalistas".

PM não conduziu agressor para delegacia

Ainda de acordo com o jornalista Victor Ferreira, a Polícia Militar "não quis conduzir o agressor para a delegacia" para não "prender a viatura". O homem, então, foi liberado e "ainda pegou carona no carro da PM para voltar ao santuário".

O UOL questionou, por email, a Polícia Militar e a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo a respeito da atitude dos policiais militares. Em resposta, a polícia confirmou os fatos e disse ainda que Matozo se recusou a passar por atendimento médico.

Os dois foram ouvidos pelos policiais militares que registraram um BOPM (boletim de ocorrência) e os orientaram a prosseguir com o registro do fato pela Polícia Civil, que está à disposição para o registro do boletim de ocorrência. diz a nota enviada ao UOL

"O mais triste é saber que o agressor é um professor de educação básica de uma escola estadual de Mogi das Cruzes", afirmou Victor Ferreira.

O Sindicato dos Jornalistas repudiou as atitudes do agressor quanto a postura da PM. Para o SJSP, a agressão representa "um ato de ataque à liberdade de imprensa". O grupo pediu que episódios como esses sejam "investigados com rigor e que os responsáveis sejam punidos".

"O ato covarde se insere num contexto de intimidação cada vez mais recorrente de profissionais de imprensa que estão nas ruas para cumprir a função social de levar informação às pessoas", diz a nota.