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UOL Vê TV #33: Globo mostra transparência inédita sobre contrato com atores

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Do UOL, em São Paulo

01/07/2020 04h00

Mais uma movimentação de impacto da Globo: depois de 44 anos de casa, a emissora encerrou o contrato de Renato Aragão. Ao mesmo tempo, confirmou-se uma nova perspectiva que o canal vem apresentando para seus veteranos ao convidar Miguel Falabella, também desligado após 38 anos, para participar de um quadro do "Domingão do Faustão" em 2021.

Esse é um dos assuntos do podcast UOL Vê TV #33, com Chico Barney, Débora Miranda e Maurício Stycer. Eles falam sobre a mudança de postura da Globo em relação a seus ex-funcionários, e a transparência e liberdade ao lidar com os veteranos.

Stycer relembra que, no último domingo, Faustão e Miguel Falabella ficaram cerca de 1h no ar fazendo promoção do "Show dos Famosos", quando surgiu o convite para Falabella voltar ao quadro em 2021.

"Acho que é muito bacana esse momento que a Globo está vivendo de uma maior transparência", diz Chico Barney. "Antes tudo era muito a portas fechadas, tudo muito misterioso, não se falava de quem saía. Agora [com] esse novo modelo, que economicamente é o futuro, porque qualquer empresa, independente do tamanho, não é mais viável ter um banco de talentos imenso como a Globo teve durante décadas e salários astronômicos, é interessante essa liberdade e transparência ao tratar o futuro dessas pessoas." (no vídeo, a partir de 2:20)

Chico Barney ressalta que, mesmo não estando mais sob contrato com a Globo, Falabella ainda pode continuar sendo um prestador de serviço da emissora, assim como Zeca Camargo, que também saiu recentemente, deixou a entender que pode ter projetos futuros no canal.

Para Débora Miranda, editora de TV e Famosos do UOL, é inviável hoje em dia manter um formato de trabalho como no passado, como a continuidade de pagamentos de salários para atores que não estavam no ar nem produzindo algo. Ela também destaca o fato de a Globo ter de lidar com uma antiga rivalidade entre emissoras. "Isso acontecia especialmente com quem ia para a Record, a Xuxa já chegou a falar sobre isso", ela diz, acrescentando que é preciso de um novo olhar para essas relações de trabalho e até mesmo para a concorrência entre as emissoras.

Stycer chama atenção para a ênfase que a emissora tem dado sobre deixar as portas abertas para os profissionais com quem está encerrando vínculo permanente. "O José de Abreu me disse que tem duas novelas, convidado, para fazer na Globo. Renato Aragão repetiu várias vezes de que vai continuar fazendo coisas para a Globo", conta, frisando que é a nova realidade do mercado.

[Deixando as portas abertas] Você mantém vínculo com profissionais que ficaram décadas na emissora e amortece esse processo de saída. E não à toa, Falabella, Zeca [Camargo], Renato Aragão, Zé de Abreu, todos saíram falando bem da Globo. É um efeito bom para a imagem da emissora.
Maurício Stycer

O colunista do UOL lembra que Miguel Falabella já havia falado que tinha vários projetos que ele gostaria de apresentar, mas que ficavam travados por recusa da Globo e que ele não podia seguir em frente por causa do vínculo com a empresa. "Renato Aragão tem projetos sendo discutidos em outras plataformas. Deve ser muito difícil para quem tinha salário e que se vê obrigado a viver nessa situação mais instável, mas está havendo um cuidado nessa transição."

Chico Barney ressalta que não é todo mundo que aceita bem essa nova situação e cita como exemplo o ator Stênio Garcia, que foi dispensado após mais de 40 anos. "Para ele pegou super mal essa história, ele ficou bem contrariado, magoado mesmo. Tem os dois lados da moeda. Tem uma galera que conseguiu ao longo dos anos construir um patrimônio com um salário muito bem estabelecido na Globo, mas também gente que ganhava muito bem e gastava muito bem também. Nem todo mundo consegue se programar tão bem."

E a nova geração de atores?

Débora ressalta como os atores mais jovens já vivenciam essa experiência de trabalhar por obra. E Stycer lembra que muitos atores fizeram a opção de se desligar da emissora, que enxergaram como a Globo estava atravancando projetos, como Rodrigo Santoro, Wagner Moura, Marco Pigossi e Bruno Gagliasso. (no vídeo, a partir de 13:20)

A editora de TV e Famosos destaca que há pessoas com esse perfil de realização. "Alguns têm essa disposição, de criar os próprios projetos, desenvolver peças, um espírito empreendedor da arte. E tem outros que são atores, dependem de convites e propostas, então essas pessoas vão sofrer mais, porque dependem do mercado se lembrar delas."

Por outro lado, Chico Barney diz que o mercado está mais abrangente. "Antes era sair da Globo e vai para a Record ou SBT. Hoje em dia a gente tem a Globo na TV fechada, que é uma importante produtora, tanto Multishow quanto GNT, e também as plataformas de streaming. Tem um futuro para ser construído."

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