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Por que Netflix e rivais estão investindo bilhões de reais em séries velhas

Mauricio Stycer

22/09/2019 05h01

A notícia da semana, para quem acompanha o mercado de televisão, foi o anúncio de que a Netflix comprou os direitos de exibição dos 180 episódios de "Seinfeld". A gigante do streaming poderá exibir as dez temporadas da sitcom para todos os seus clientes, em todo o mundo, a partir de 2021.

O negócio foi visto como uma "resposta" da empresa à perda dos direitos de "Friends" e "The Office". Em julho, a Warner informou que a série sobre os seis amigos vai migrar para o catálogo da HBO Max, o serviço de streaming da empresa que será lançado no ano que vem. Já a série protagonizada por Steve Carell vai para o serviço da NBC, que se chamará Peacock.

O valor que a Netflix pagou por cinco anos de direitos sobre "Seinfeld" não foi divulgado. Mas especula-se que tenha sido mais que os US$ 500 milhões investidos pela NBC para adquirir "The Office" e os US$ 425 milhões pagos pela Warner para explorar "Friends" também por cinco anos.

Estamos falando de investimentos que superam os R$ 2 bilhões por séries antigas, lançadas entre 1989 ("Seinfeld") e 2005 ("The Office") – "Friends" é de 1994. O que isso significa?

Pioneira no negócio, a Netflix logo se deu conta que o cliente do serviço tem enorme interesse por séries novas e originais, mas consome com avidez, em ritmo de maratona (binge watching), programas antigos, de qualidade. São as séries velhas, com muitas temporadas, que garantem tempo de permanência do usuário no serviço.

No início da década, a Netflix adquiriu direitos de exibição de muito conteúdo produzido por empresas que agora são rivais na guerra do streaming e estão tendo que gastar fortunas para retomar as suas séries. Curiosamente, uma das poucas que sempre se recusou a vender direitos de seus programas foi a Globo. A empresa brasileira enxergou desde cedo que deveria preservar o seu valioso acervo para uso próprio.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.