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Saída do Reino Unido da UE coloca séries em risco; artistas repercutem

Houve especulações de que "GoT" seria afetada, mas HBO negou - Divulgação/HBO
Houve especulações de que "GoT" seria afetada, mas HBO negou Imagem: Divulgação/HBO

Do UOL, em São Paulo

24/06/2016 13h01Atualizada em 24/06/2016 15h04

A saída do Reino Unido da União Europeia, decidida em referendo na última quinta-feira (23), pode afetar várias produções audiovisuais, de acordo com análise de publicações especializadas. 

De acordo com a revista “Foreign Policy”, parte do dinheiro usado em produções feitas no Reino Unido vem Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional e, com a saída, há a possibilidade que cineastas e produtores não possam mais ter acesso ao benefício para filmar lá.

Ouvido pela revista, o especialista Peter Chase, membro do German Marshall Fund of the United States, confirmou a tese. “Pode criar incerteza para os estúdios americanos que querem ficar no Reino Unido. Há programas da União Europeia que ajudam a financiar tudo isso. Se o Reino Unido não for mais parte da UE, há a possibilidade de esse dinheiro sumir”.

"GoT" com problemas?

Fãs e publicações apontaram que uma das séries ameaçadas seria "Game of Thrones", já que o Reino Unido levará também a Irlanda do Norte, uma das principais locações de “Game of Thrones”– é lá que foi filmada a Batalha dos Bastardos, exibida no episódio do último domingo.

A revista “Newsweek”, porém, ressaltou que é possível que “Game of Thrones” não tenha tempo suficiente para ser afetada, já que o processo de separação deve se estender por anos e a série deve ter apenas mais duas temporadas, chegando ao fim em 2018. “A saída do Reino Unido não será concluída por no mínimo dois anos – senão mais – e até lá as filmagens provavelmente já terão acabado”.

Em nota oficial enviada a "Entertainment Weekly", a HBO negou que a série será afetada e esclareceu que não usou dinheiro do Fundo Europeu. "Nós não esperamos que o resultado do referendo vá ter qualquer impacto material na produção de 'Game of Thrones'". Segundo a revista, a série recebe subsídios por meio de outros programas regionais que não serão impactados. 

“Game of Thrones” também tem ou já teve como locações outros países membros da União Europeia, incluindo Espanha, Croácia e Malta.

Outras produções

A saída, porém, ainda afetará demais produções audiovisuais. Segundo a “Foreign Policy”, filmes e programas de TV britânicos receberam US$ 32 milhões de fundos europeus nos últimos sete anos. Isso inclui os indicados ao Oscar “Carol”, “Brooklyn” e “Amy”. 

Michael Ryan, presidente da Independent Film and Television Alliance, classificou a saída do Reino Unido como "devastadora" para a indústria em declaração para a revista “Variety”. "A decisão de deixar a União Europeia é um grande golpe na indústria britânica do cinema e da TV. Produzir filmes e programas de TV é muito caro e muito arriscado e é importante ter certeza quanto as regras que afetem o negócio".

A “Newsweek” afirma que a saída afetará mais “as pequenas produtoras que dependem de subsídios e benefícios oferecidos em parceria com a União Europeia para produzirem conteúdos atraentes”. Citado pela publicação, o produtor Mark Wood, da Zinc Media (empresa que já realizou trabalhos para a BBC), concordou: “Não ter acesso a esse dinheiro significa que não vamos conseguir fazer os programas de qualidade que fazíamos”. 

Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, afirmou nesta sexta que "as leis da União Europeia continuam a se aplicar integralmente até que o Reino Unido não seja mais um membro", mas pediu para que a saída do bloco seja "acelerada", então ainda não é possível ter certeza sobre quanto tempo levará até as produções serem afetadas.  

Celebridadades repercutem

Antes da votação, vários artistas, incluindo Benedict Cumberbatch e Keira Knightley, assinaram uma carta aberta que discorria sobre como as indústrias criativas seriam afetadas pela saída do Reino Unido.

“Sair da Europa seria um salto no desconhecido para milhões de pessoas no Reino Unido que trabalham nas indústrias criativas, e para os milhões aqui e fora que se beneficiam do crescimento e da exuberância do setor cultural na Grã-Bretanha”, dizia o texto.

Após a votação, outros famosos se manifestaram nas redes sociais. J.K. Rowling, autora de “Harry Potter”, lamentou a decisão em seu Twitter: “Acho que nunca quis tanto que magia existisse”.

A cantora Lilly Allen, cujo irmão Alfie trabalha em “Game of Thrones” como Theon, também não gostou da decisão. “Nós estamos muito, muito ferrados”, escreveu.

"Não adianta chorar sobre o leite derramado. Nós temos que tirar o melhor disso", afirmou Boy George.

A atriz Elizabeth Hurley, por outro lado, comemorou: “E de repente os pássaros começaram a cantar”.