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“The Voice” erra ao misturar músicos amadores com profissionais consagrados

Mauricio Stycer

09/10/2015 13h34

É verdade que o "The Voice Brasil" nunca se anunciou como um concurso exclusivo para cantores amadores. A sua intenção é, como diz o nome do programa, revelar ou dar exposição para grandes vozes. Por isso, desde a primeira edição, foram selecionados candidatos que já tinham experiência como cantores, mas sem grande sucesso.

Como diz Tiago Leifert em uma das chamadas para o programa: "Alô, alô, vozes de todo Brasil. Você que tem a partir de 16 anos, chegou a hora de você brilhar no nosso palco. Mande seu vídeo pra gente".

A todo ano, aparecem homens e mulheres que estão na estrada há anos. São pessoas que, em busca de um reconhecimento maior, ganham a vida fazendo pequenos shows, cantam em bares e festas de casamento, e até gravam discos por conta própria, no esforço de serem "descobertos".

O problema é que volta e meia o "The Voice" aceita candidatos cuja experiência já ultrapassou este estágio. Isso também ocorre na versão original do programa, como lembram alguns espectadores. São músicos profissionais com carreiras já estabelecidas, que não precisam de um programa de TV para impulsionar o trabalho. O problema também já ocorreu no "SuperStar".

Nesta edição, há pelo menos dois candidatos nesta situação. Um, aprovado na primeira audição, é Maurílio de Oliveira. Integrante do Quinteto em Preto e Branco e da dupla Os Prettos, ele tem sambas gravados por Beth Carvalho, Maria Rita e Alcione.

O outro, aprovado na audição desta quinta-feira (08), é Del Feliz. Há pelo menos 15 anos na estrada, tem 15 discos lançados e já fez parcerias com outros artistas. "Maria Bethânia está gravando uma música minha, e virei parceiro de Dudu Nobre, Dominguinhos, Geraldo Azevedo. Também tive a honra de fazer show com Gilberto Gil", diz ele no site do programa.

Maurílio de Oliveira e Del Feliz estão competindo com vantagem sobre os demais. E estão roubando o espaço de candidatos que, de fato, precisam de um espaço para mostrar a voz que têm.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.