Topo

Waack responsabiliza a Globo por seu silêncio após vazamento de vídeo

Mauricio Stycer

06/03/2018 01h28


O silêncio de William Waack após o vazamento do vídeo em que faz comentários racistas ajudou, na minha opinião, a tornar o episódio ainda maior e mais grave. Nos 45 dias entre a divulgação do vídeo e a rescisão de seu contrato, o jornalista comentou o caso apenas por meio de alguns frases divulgadas pela assessoria da comunicação da Globo e jamais veio a público dizer o que pensava.

Nesta segunda-feira (05), na estreia da nova temporada do "Programa do Porchat", na Record, o apresentador fez a pergunta que eu gostaria de ter feito ao jornalista: "Você não acha que demorou a falar?" Waack responsabilizou a Globo por seu silêncio.

"Eu tinha um contrato. Como é que eu ia falar com contrato?", respondeu. Porchat insistiu: "Mas te deu vontade de falar?" Waack debochou: "Não. Você acha que não, né?" Porchat reagiu: "Não sei. De repente, você achava que era melhor ficar quietinho". O jornalista respondeu: "Você acha que eu sou maluco? Na boa… É óbvio! Você ia fazer o quê?" O apresentador disse: "Na hora, ia entrar na internet". Ao que Waack disse: "Todo mundo me segurou. Puseram umas rédeas deste tamanho. Ainda mais o tipo que eu sou. Eu sou um cara que fala o que pensa na cara. Não sou de esconder o que eu penso."

Esta foi a primeira entrevista de Waack a uma emissora de televisão desde que, em novembro de 2017, vazou o vídeo gravado um ano antes, em Washington. Na ocasião, antes de fazer uma entrada ao vivo, ele reclama do barulho de uma buzina. "Está buzinando por que, seu merda do cacete? Não vou nem falar porque eu sei quem é… É preto, coisa de preto", disse na ocasião. No final de dezembro, a Globo anunciou que, em comum acordo com o jornalista, decidiu interromper o contrato que mantinham.

Desde então, Waack já se manifestou algumas vezes, por meio de artigos ou entrevistas, sobre o ocorrido. Abaixo, o trecho da entrevista, divulgado pela Record, em que fala das "rédeas" que o impediram de falar do episódio.

Veja também
"Aprendi a ser mais humilde", diz William Waack após acusação de racismo
Afastado, William Waack pede desculpas a quem se sentiu "ultrajado"
Não postei antes por medo de ser demitido, diz editor do vídeo com Waack
Após comentário racista, William Waack tem contrato rescindido pela Globo
William Waack: Não sou racista, minha obra prova

Comentários são sempre muito bem-vindos, mas o autor do blog publica apenas os que dizem respeito aos assuntos tratados nos textos.

Siga o blog no Facebook e no Twitter.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.