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Sabrina e Zoe protagonizam um longo, atribulado e lucrativo reality show

Mauricio Stycer

30/11/2018 05h01

Imagem divulgada por Sabrina no Instagram, onde tem 16 milhões de seguidores, no último dia 12 de novembro

"Siga o dinheiro". Esta famosa frase é atribuída ao ex-agente do FBI Mark Felt e teria sido dita aos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein, que investigavam o caso Watergate, que terminou com a renúncia do então presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, em 1974.

O que, naquela época, foi uma dica para jornalistas investigativos que levantavam uma história de espionagem ilegal, corrupção e outros crimes, hoje também pode ajudar a entender, por outros motivos, o mundo das celebridades.

"Siga o dinheiro" e você vai compreender por que tantas celebridades não têm vergonha alguma de expor a intimidade nas redes sociais. Ao contrário, parecem ter prazer em fazer isso. Divertem-se mostrando detalhes de todo tipo sobre suas vidas.

Tornou-se um negócio excelente. O número de seguidores hoje é uma espécie de patrimônio dos famosos. Com base neste número é possível calcular o alcance aproximado de cada foto ou mensagem postada. O cálculo ajuda a determinar o cachê que as celebridades podem cobrar de quem deseja contratá-los para fazer publicidade.

Muita gente se espantou, inclusive eu, com a forma como Sabrina Sato anunciou estar esperando um bebê, no final de abril, em um post pago no Instagram financiado por uma marca de teste de gravidez. De lá para cá, até estes últimos dias de novembro, foram dezenas de mensagens publicitárias em sua conta.

Como mostrou o colunista Ricardo Feltrin, uma estimativa conservadora indica que ela faturou R$ 500 mil apenas com estas postagens.

Quem segue Sabrina nunca sabe se a foto que ela está divulgando diz respeito a um momento de intimidade ou a uma publicidade. Ela nunca avisa – só lendo é que o seguidor se dá conta se está contemplando um comercial de produtos para grávidas ou uma revelação sincera sobre a sua gravidez.

Para manter o interesse do público é preciso alimentá-lo. Isso explica a sensação de que a gravidez de Sabrina foi longa e atribulada como um reality show. Depois do anúncio, no início de maio, ela se internou num hospital e, lá, recebeu Rodrigo Faro para uma entrevista interminável. Criou um quadro em seu programa semanal para também falar do assunto. E quase diariamente publicava fotos no Instagram.

Com um esquema de divulgação profissional, incluindo assessoria de imprensa e fotógrafos, além da ajuda da mãe, Kika Sato, da sogra, Leda Nagle, e do marido, Duda, Sabrina transformou a sua intimidade – e a do bebê – num produto de valor. E tudo indica que não vai parar.

É verdade que mesmo um reality show bem planejado sofre com eventos inesperados. Os fãs de Sabrina foram informados de sua ida para a maternidade na quarta-feira (28), mas o trabalho de parto se prolongou além do imaginado por mais de 24 horas. Ao final, ela não conseguiu ter a filha num parto normal, como desejava, e foi submetida a uma cesárea.

Ao redor de Sabrina, todo mundo lucra. A maternidade onde Zoe nasceu ofereceu atendimento vip aos jornalistas que aguardavam a notícia. A Record promete exibir imagens do parto em sua programação ("todos os detalhes sobre o nascimento mais aguardado do ano!"). Patrocinadores devem estar fazendo fila para associar suas marcas à recém-nascida.

Este excesso de exposição tem um custo, porém. Por mais simpática e querida que seja, Sabrina corre o risco de cansar o espectador se não tiver nada além de fotos no Instagram para oferecer.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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