SBT cancela o pseudojornalístico "Alarma TV" após um único dia de exibição
Mauricio Stycer
02/10/2019 10h32
Durou apenas um dia a aventura de exibir o "Alarma TV" no SBT. Os resultados de audiência não compensaram os danos à imagem do SBT de levar ao ar um pseudojornalístico de tão pouca qualidade. Nesta quarta (02), a programação da emissora volta ao que era antes – ao final de "Abismo de Paixão" entra o telejornal "SBT Brasil", segundo confirma a própria emissora ao blog.
Nesta sua única exibição, o programa registrou média de 5 pontos no Ibope, um resultado medíocre, contra 11 pontos do "Cidade Alerta", da Record, que garantiu a vice-liderança no horário com folga. O SBT não costuma perder com placar tão elevado neste horário.
Realizado por uma TV americana em espanhol, o "Alarma TV" compila vídeos bizarros ou violentos na internet. É apresentado por tipos em roupas berrantes e risonhos, mesmo mostrando pessoas explodindo junto com carros-bomba.
O programa, aliás, foi oferecido ao Jornalismo, mas acabou na área de Programação do SBT. A emissora dublou os episódios, mas não se deu ao trabalho de traduzir os caracteres, exibidos em espanhol. Os vídeos vão ao ar sem data, sem contexto e sem crédito.
O nível é tão baixo que pouco se aproveita de cada episódio. O que o SBT exibiu na estreia reúne vídeos de mais de um programa – tanto que a apresentadora aparece com dois vestidos diferentes e um dos apresentadores é subitamente substituído por outro.
Na abertura, um vídeo mostrou a explosão de um carro-bomba no Iraque. Morreram quatro pessoas, segundo a apresentadora Janice Villagrán. Quando foi isso? Ela não informou.
Outro vídeo tratou do consumo de urina de vaca na Índia. Outro falou de exorcismo na Colômbia. E um ainda falou de um sujeito que manteve uma tesoura dentro do corpo por anos. Nenhum vídeo tem mais do que 15 segundos e os apresentadores não explicam nada.
É um momento baixo da emissora exibir uma porcaria dessas em seu horário nobre, às 19h20, buscando angariar audiência para o "SBT Brasil", que começa às 19h45.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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