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Marco Antonio Di Biaggi questiona atitudes da burguesia e ataca blogueiras

Marco Antonio Di Biaggi - Divulgação
Marco Antonio Di Biaggi Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

16/04/2020 10h49

Enquanto muitos empresários estão demitindo e reduzindo salários, o cabeleireiro Marco Antônio Di Biaggi, rico, consagrado e sem precisar provar mais nada para ninguém, optou por pensar em seus funcionários.

Para pagar o salário de seus 143 funcionários, ele decidiu retirar da poupança 900 mil reais de suas economias e pagou também comissões e aluguel do espaço, que custa mais de 100 mil reais, na badalada Av. Europa, em São Paulo.

Seu salão, o MG Hair, ainda é um dos mais badalados de São Paulo e, do dia para noite, parou de faturar, fechou sem previsão de reabertura por conta da pandemia do novo coronavírus.

A decisão em tirar suas economias não foi fácil. Em conversa com a Coluna do Leo Dias, Biaggi lembrou os momentos pelos quais passou internado por seis meses, sem poder tomar água, para que ela não fosse para o pulmão.

"Naqueles dias, eu daria todo meu patrimônio por um copo d'água. E eu passei, de fato, a dar valor aos prazeres simples da vida. Isso me mudou pra sempre".

A vida de Biaggi antes da internação era semelhante a de um popstar. Domingo era dia de trabalho árduo e os ensaios das revistas da moda tinham que ter a assinatura dele. Mas, assim como aconteceu com o mundo com o Covid-19, do dia para noite, tudo mudou na vida de Marco.

"Assim como eu, as pessoas vão ter que repensar os valores da vida. Eu não fiquei mais humano após o câncer, mas meus valores mudaram totalmente. Hoje eu me preocupo com o dono da mercearia, que não tem como concorrer com os hipermercados. Por isso, eu peço para que a população dê mais atenção ao pequeno comerciante, ele foi o mais afetado".

Biaggi nasceu num bairro de classe baixa, Jardim Maracanã, na zona norte de São Paulo, e neste ambiente humilde, se profissionalizou em um curso do Senac. E graças a muito trabalho, ele conseguiu alcançar feitos que jamais um profissional da área havia alcançado.

Ele foi o primeiro brasileiro a ter uma linha na multinacional francesa Sephora, foi por muitos anos contratado exclusivo da Avon (que rompeu o acordo em meio à sua quimioterapia) e, obviamente, com tal currículo, Biaggi passou a conviver com a altíssima sociedade paulistana, mas sempre com olhar crítico.

Quando perguntado pela Coluna sobre a burguesia nos dias de hoje, ele é enfático: "No mundo de hoje não é mais suportável uma mulher ter 50 bolsas de grife, da Hermès, Da Louis Vuitton, da Prada...".

Por mais de 20 anos, Biaggi foi o responsável pelas mais célebres capas de revistas do país, de "Playboy" a "Marie Claire" passando pelas mais populares, todas as famosas exigiam Biaggi.

Este trabalho o fez conhecer as maiores jornalistas de moda e comportamento do país, e agora ele se depara com um cenário em que quem dita a opinião da juventude são as bem nascidas blogueiras:

"Eu não acho normal essas blogueiras riquinhas que tomaram lugares de jornalistas renomadas que estudaram para estar ali. Será que as pessoas não percebem que elas não têm conteúdo? Elas só estão ali porque são ricas. Acho que depois desse momento atual muita coisa vai mudar", sentencia.

Blog do Leo Dias