Editora Globo entra em embate com sindicato após cortes de salários
A Editora Globo e os sindicatos dos jornalistas do Rio, São Paulo e Brasília seguem em um imbróglio quanto à confecção de um acordo coletivo para a redução de 25% dos salários dos profissionais dos jornais O Globo, Extra, Valor Econômico e das revistas Vogue, Marie Claire, Quem, entre outras.
A medida se fez necessária, segundo a empresa, porque houve redução dos lucros com publicidade e edições impressas desde que a pandemia da Covid-19 começou, em março.
Na semana passada, quando a Editora Globo aderiu à Medida Provisória 936/2020, editada pelo presidente Jair Bolsonaro, funcionários foram convidados, por e-mail, a aceitar condições para o trabalho em home office: o termo regula que a empresa não teria obrigação de pagar por equipamentos e instalações dos funcionários (incluindo contas de luz, telefone e internet, serviços necessários para manter a rotina da redação funcionando mesmo em casa).
Também foram disponibilizadas os textos dos acordos individuais para a redução de salário e jornada de cada empregado, sem grandes esclarecimentos de como se dará a diminuição nos dias trabalhados. Um dos principais medos das equipes é que o corte dos rendimentos não seja acompanhado de uma real diminuição no volume de horas de expediente, cada vez mais extensos devido à cobertura da crise causada pelo novo coronavírus e do momento político brasileiro.
Mobilizados, os jornalistas da empresa recorreram aos sindicatos para tentar negociar com a editora. Houve um primeiro aceno positivo da empresa, que cedeu em pelo menos um dos pontos importantes para os jornalistas, mas até agora não houve fechamento de questão sobre o que será feito. Embora tenha concordado em manter todos os funcionários com plano de saúde ativo até o fim do ano, mesmo aqueles que venha demitir, o braço de publicações impressas do Grupo Globo está sendo irredutível quanto a aumentar o tempo de estabilidade garantido aos trabalhadores (foi prometido um semestre, mas os sindicatos pedem cerca de oito meses) e garantir o pagamento do benefício de vale-refeição com cálculo referente à jornada de trabalho cheia.
Há a preocupação entre os jornalistas de que a redução da jornada, sem garantias, justifique também um corte nos tíquetes alimentícios: trabalhando menos dias por mês (entre cinco ou seis), eles perderiam parte do valor total do benefício. O corte pode passar de R$ 100.
O prazo para assinatura dos acordos individuais acaba nesta segunda-feira (27) enquanto os sindicatos ainda buscam resposta da empresa para uma contraproposta feita pelos trabalhadores no fim de semana.
Não há, até agora, sinalização de que a empresa atenderá às reivindicações. Circula entre os jornalistas, além do descontentamento com o corte, o medo de que a não adesão ao contrato resulte em demissões ainda em maio.
A previsão, no entanto, é de que em outubro a redução de pessoal se torne iminente: é quando acabará a estabilidade realmente garantida pela empresa, que estará livre para promover demissões.
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