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DJ que não tem vergonha de ser conhecido pelo povo faz live superproduzida

Live de Alok teve ares de superprodução - Reprodução
Live de Alok teve ares de superprodução Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

03/05/2020 15h43

Foi difícil convencê-lo a fazer uma live, até porque Alok, como sempre, estava pensando mais na humanidade do que em si próprio. Mas quando viu, de fato, um projeto grandioso, em uma iniciativa tomada pela TV Globo, aí sim, tudo mudou. E faz sentido ao entendermos claramente os objetivos profissionais dele. E, sinceramente, eu diria que foi o brasileiro mais ousado que se viu na música. Vou explicar o porquê.

Alok sempre teve um objetivo claro: ser popular, ser conhecido pelo povo de verdade, pela classe C. E, isso, meu amor, é o que mais os DJs de música eletrônica abominam: a classe C. Vejam só um exemplo: o Vintage Culture foi contratado este ano pelo CarnaUOL, mas não aceitou dar entrevistas... pro UOL! É um veículo popular demais para ele.

Alok, não. Ele quer ir do Tomorrowland ao Villa Mix, do Meia Hora a Carta Capital. Esse é o Alok.

Mas assumir publicamente o objetivo de ser popular tem um preço, e Alok sabe bem disso. Que DJ de música eletrônica, em sã consciência, faria um feat com Simone e Simaria? Alok não tem medo dos ataques daqueles que se acham superiores por serem aceitos pela elite. Alok é filho de hippies, vive em outra dimensão.

Ah, ia esquecendo. Uma pessoa chamada Alok querer ser conhecida no Brasil? É um desafio por si só. Mas a estratégia dele foi muito inteligente: ele é contratado do segundo maior escritório de música sertaneja do Brasil, dona do festival Villa Mix. E entenda uma coisa, o sertanejo é o ser menos preconceituoso do Brasil, e Alok caiu nas graças desse público, com aquele jeito de bom menino, do filho que toda mãe queria ter... bingo! Alok virou pop. E a live do último sábado, uma semana depois de Ivete, transmitida por TV Globo, YouTube, Multishow e por aí vai... foi a comprovação máxima de sua popularidade. E mais: os números da audiência surpreenderam as expectativas.

Uma live do DJ número 1 do Brasil e aquele que mais representa o futuro, tinha que ter ares de superprodução. E, de fato, foi. O maior desafio do diretor Boninho foi fazer, com uma equipe super reduzida, algo de alta qualidade. E nem mesmo quando o equipamento de som entrou em pane logo no início da transmissão conseguiu comprometer o resultado final. Alok foi muito além do esperado.

E entenda o significado do convite da Globo: a emissora precisa estar conectada ao jovem, e há muitos anos que "Malhação" deixou de exercer esse papel.

A única observação que esta modesta coluna tem a fazer sobre o trabalho de Alok é que talvez falte uma "assinatura" mais forte em suas músicas. Algo que o povo identificasse facilmente nos acordes. Mas talvez isso seja mais difícil na música eletrônica ou ele esteja neste caminho.

De resto, Alok é o caso do ser mais ousado da nossa música

Blog do Leo Dias