Filha de Silvio Santos reduz salários sem avisar e provoca revolta no SBT
Renata Abravanel, presidente do Grupo Silvio Santos, decidiu cortar 25% do salário de todos os funcionários da emissora. A filha caçula do dono do Baú fez uso da Medida Provisória 936, que permite aos empregadores reduzir rendimentos de colaboradores em virtude da pandemia do novo coronavírus. O SBT não foi a primeira emissora a adotar a medida de contenção de custos, mas foi a que mais cortou.
Enquanto outros veículos fizeram reduções apenas em determinados setores, a emissora de Silvio Santos não poupou ninguém.
A Coluna do Leo Dias apurou que na quarta-feira, dia 13, gerentes e diretores dos mais diversos setores foram convocados para assinar o acordo trabalhista. Não houve comunicação prévia, e os cortes já serão válidos para os pagamentos de maio.
A notícia da decisão se espalhou rapidamente pela sede da emissora no dia seguinte, e os funcionários aguardaram, apreensivos, para saber se, além de gerentes e diretores, tinham sido alvos da medida. E foram. Mas seus salários só serão reduzidos a partir de junho.
Nos bastidores da emissora, a sensação é de revolta e impotência. O SBT foi a rede de televisão menos impactada pelo caos do mercado publicitário e continuaria com margem de lucro mesmo com a manutenção dos vencimentos habituais dos funcionários.
A emissora, inclusive, fechou um contrato milionário em plena pandemia da covid-19, com a JBS, dona de marcas como Friboi e Seara.
A gigante do setor alimentício comprou meia hora das manhãs de domingo para veicular o programa "Duelo de Mães", comandado por Ticiana Villas Boas, mulher de Joesley Batista, o dono da companhia. Além disso, um pacote de anúncios em diversas atrações também foi adquirido.
Além disso, a programação do SBT é de baixo custo. O maior investimento da emissora em 2020 foi a compra dos direitos da WWE, torneio de luta livre pelo qual Silvio Santos se apaixonou durante suas últimas férias em Orlando —que tem rendido baixa audiência e pouco faturamento desde que estreou, em abril.
De segunda a sexta, os únicos conteúdos da programação que seguem em produção durante a pandemia são dois telejornais ("Primeiro Impacto" e "SBT Brasil"), um caça-níquel da holding ("Cupom Premiado") e o "Triturando", que é a diversão de Silvio Santos durante a quarentena.
Os funcionários da emissora sempre questionaram as decisões impulsivas de Silvio Santos com relação à grade de programação, mas jamais reclamaram de suas medidas como administrador da empresa. Enquanto esteve na linha de frente, chegou a comprar brigas com diretores para preservar os colaboradores.
Há alguns anos, por exemplo, diretores tentaram convencer o empresário a reduzir o plano de saúde dos funcionários para ter internações apenas em enfermarias, mantendo o benefício de quartos particulares apenas para diretores.
Silvio até deu sinal verde para a redução, desde que os executivos também fossem agraciados com o downgrade. A ideia foi esquecida e todos os colaboradores permanecem até hoje com direito aos quartos.
Na manhã desta sexta-feira (15), alguns veículos chegaram a ventilar a hipótese de que Renata Abravanel ainda não tivesse assumido a presidência do Grupo Silvio Santos. A Coluna do Leo Dias, porém, ouviu diversas fontes do alto comando da empresa e confirmou a informação. Apenas não houve alarde, em decorrência justamente da crise mundial provocada pelo coronavírus.
Até agora, apenas a TV Globo permanece incólume ao caos do coronavírus. A Record, que disputa a segunda colocação com o SBT e tem custos operacionais bem mais elevados, apenas cortou os rendimentos de profissionais de vídeo com ganhos elevados e que estão afastados.
A Band, quarta colocada no Ibope, fez cortes pontuais, mas preservou o jornalismo, avaliado como indispensável durante a pandemia. No setor, apenas os diretores Fernando Mitre e Rodolfo Schneider tiveram redução salarial. Na Rede TV!, todos os profissionais tiveram ganhos e jornada reduzidos proporcionalmente.
Procurado pela Coluna do Leo Dias, o SBT se limitou a afirmar que não comenta assuntos internos.
*Com colaboração de Gabriel de Oliveira
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